Quem Foi Dave Elman?

Quando as pessoas falam sobre grandes hipnotistas do século XX, dois nomes vêm à mente: Milton Erickson e Dave Elman. E ambos possuem o mesmo status.

O que é surpreendente, pelo fato de Erickson ter publicado dezenas de livros e artigos sobre a hipnose. Além de ter sido promovido por seguidores que também escreveram sobre ele.

Por sua vez, Elman publicou apenas um. O Hipnoterapia, em 1977, e mais de 40 horas de seminários gravados em fitas cassetes.

Saiba mais sobre este grande hipnotista!

A vida de Dave Elman

Influências

Dave Elman (1900 – 1967) nasceu e cresceu em North Dakota, EUA. Seu nome, na verdade, foi David Kopelman.

Aos oito anos de idade, viu o seu pai sofrendo as dores de um câncer terminal. Conta-se que um famoso hipnotizador fez um tratamento com seu pai, e só assim ele conseguiu ter sua dor aliviada. Após essa situação, Dave pôde visitá-lo uma última vez.

Esse evento marcou-lhe o suficiente para que se interessasse em ser um pesquisador da hipnose, por toda a sua vida. Ele nunca esqueceu que foi um hipnotizador de palco quem conseguiu aliviar o sofrimento de seu pai, mesmo os médicos dizendo que nada podia ser feito, mais.

Quando jovem, Elman trabalhou como hipnotizador de palco. E foi durante esse período que desenvolveu suas técnicas de indução rápida.

Nos anos seguintes, Elman tornou-se um escritor, diretor e produtor de programas de rádio em redes de sucessos. Chegou também a lecionar esses assuntos na Universidade Columbia.

Professor de hipnose

Aos 49 anos, decidiu, finalmente, mudar de profissão para tornar-se uma autoridade no ensino da hipnose. Ele se encontrou com espetas médicos, pesquisou a literatura disponível e desenvolveu o Curso Dave Elman em Hipnose Clínica.

Embora Elman não tivesse graduação tampouco uma formação científica, seus cursos foram, em sua maioria, treinamentos para médicos e dentistas. Seus alunos auxiliavam-no com pesquisas de aplicações médicas da hipnose, para que pudesse aprimorar os seus cursos.

Em pouco tempo, tornou-se o mais conhecido e mais bem sucedido professor de hipnotismo na América.

Durante vários anos, Dave ensinou seu curso a milhares de profissionais em todas as grandes cidades dos Estados Unidos.

Como mencionado acima, Elman escreveu apenas um livro, Hipnoterapia. E um conjunto de quarenta horas de gravações feitas em suas aulas.

Dave Elman

Hipnoterapia (1977)

Em seu livro, Elman diz que não é possível dar uma sugestão a um sujeito, a menos que ele esteja disposto a recebê-la. O consentimento é imprescindível em quaisquer graus de hipnose. Em outras palavras, o sujeito está no controle e tem o poder de aceitar apenas as sugestões que desejar.

Em caso de haver alguma crise, ou uma sugestão indesejada, o paciente pode vir a acordar ou até seguir no transe, mas não aceitando determinada sugestão.

Faculdade crítica

Sob hipnose, a pessoa está no controle de todas as suas faculdades, exceto uma. Ela pode ouvir, ver, sentir, cheirar, saborear, falar… Por mais que pareça inconsciente, ela está sim consciente.

A exceção é o que chama de faculdade crítica. É a habilidade de distinguir o que é real do que não é real.

Ao dar uma sugestão que esteja disposta a aceitar, o paciente irá cooperar. Porém, ao dar uma sugestão que lhe seja emocional, pode acabar aceitando-a, mesmo que, em circunstâncias normais, não aceitaria. No entanto, sua faculdade crítica é contornada pela hipnose.

Para Dave Elman, a hipnose é:

Um estado mental em que a faculdade crítica da mente humana é contornada e o pensamento seletivo estabelecido.

A faculdade crítica de sua mente é aquela parte que julga. Distingue entre conceitos de quente e frio, doce e azedo, grande e pequeno, escuro e claro.

Se pudermos ignorar essa faculdade crítica de tal forma que não se mais distinga entre quente e frio, doce e azedo… Podemos substituir o pensamento seletivo pelo julgamento.

Dave Elman dá os seguintes exemplos de contornar a faculdade crítica:

  • Você pode sugerir anestesia, apagando a dor sem um agente químico. Você pode induzir a lembrança total até mesmo a uma idade, como, por exemplo, três anos. A suspensão da faculdade crítica não contradiz a afirmação de que o paciente está em completo controle de si mesmo e tem seletividade total. Ele aceita tal sugestão porque é bom para ele. Mas sua faculdade crítica — a descrença de que essas proezas fantásticas são possíveis — é ignorada na hipnose.

A hipnose funciona porque o indivíduo pensa pelo pensamento seletivo e ignora a faculdade crítica. Por exemplo, se você é levado a acreditar que não sente dor e acredita totalmente, não sentirá dor.

Requisitos e sinais da hipnose

Para Elman, existem três requisitos para a hipnose:

  1. O consentimento do sujeito;
  2. A comunicação entre o operador e o hipnotista;
  3. A liberdade do medo, ou relutância da parte do sujeito em confiar no hipnotista.

Inclusive, Dave Elman crítica aos outros autores que dizem que técnicas específicas, como a fixação, é o único modo possível para induzir um transe.

Como esses são os únicos requisitos, não há limite para o número de técnicas que podem ser usadas para acionar a resposta desejada.

A hipnose dá cinco sinais, sutis e pequenos. Se o hipnotista não sabe o que procurar, os sons podem estar lá, sem que os detecte.

São eles:

  1. Calor corporal;
  2. Agitação das pálpebras;
  3. Lacrimação aumentada;
  4. O branco dos olhos ficando vermelho ou rosado;
  5. Os globos oculares subindo para a cabeça.

Porém, se o hipnotista sabe o que fazer para hipnotizar, é possível identificá-los todos, em um piscar de olhos.

A indução de Dave Elman

Elman usa um modelo de hipnose um pouco diferente.

Ele tinha uma ideia binária envolvendo hipnose. Quer dizer, segundo ele, poderíamos ter apenas duas opções: existe hipnose ou não existe hipnose. Não existiriam outras opções intermediárias.

Considerando esse pensamento de Elman,é compreensível o motivo pelo qual Elman era contra fazer testes.

Para ele, um bom teste deveria atravessar a faculdade crítica para estabelecer a hipnose. Ou seja, se tivermos um bom teste, ele já seria a própria hipnose.

Por isso que Elman costumava dizer que preferia hipnotizar as pessoas em vez e de ficar testando. Na época de Elman, era muito comum o uso de pseudo-hipnose antes da hipnose propriamente dita.

Confira aqui os 5 passos da indução de Dave Elman!

 

Fontes: Alberto Dell’Isola. Como hipnotizar as pessoas rapidamente.

Gil Boyne. Hipnoterapia, de Dave Elman. Hypnotism Training Institute of Los Angeles, CA. Tradução de Amílcar Sá de Nogueira.

Paul G. Durbin. Tribute to Dave Elman.

 

Saiba mais sobre a história da hipnose!

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