Como superar o medo de falar em público com a Hipnose Clínica

Em 2015, o Jornal Britânico Sunday Times, constatou que o medo de falar em público era a fobia mais aterrorizante, entre os ingleses.

Segundo a pesquisa, 41% dos entrevistados disseram ter mais medo de falar em público do que de doenças graves ou até mesmo da morte.

Mas, por que tantas pessoas teriam medo de falar em público? E o que fazer para ajudá-las?

É o que você vai descobrir neste artigo!

Continue lendo para entender melhor o que é, quais as principais causas e como tratar o medo de falar em público por meio da hipnose clínica.

O desafio de quem tem medo de falar em público

O maior desafio das pessoas em relação a falar em público não é memorizar um texto, ter domínio do assunto ou mesmo conhecer técnicas de oratória.

Há muitos advogados e empresários que dominam assuntos relacionados à sua profissão. Mas, têm medo de falar em público! E isso acontece porque lhes falta o autodomínio emocional.

Poucos sabem disso, mas a oratória também é um processo emocional. Não se trata apenas de técnica.

As experiências de vida, crenças limitantes e traumas de uma pessoa podem refletir profundamente no seu desempenho e autoconfiança para falar em público.

Geralmente, a autoconfiança para falar em público é construída ainda na infância, por meio dos relacionamentos familiares.

Crescer em uma família bem estruturada emocionalmente fortalece a personalidade do indivíduo. Ajudam-no a desenvolver uma maneira melhor de expressar suas ideias.

Por outro lado, quando falta essa base emocional, pode ser difícil para a pessoa falar em público. Até mesmo coisas simples, como falar o nome, idade e coisas que gosta.

Mesmo assim, alguns até conseguem falar para amigos, familiares e pequenos grupos de pessoas. Pois, a questão em si, não é o medo de falar em público, mas o medo de se expor.

Por que temos medo da exposição?

Quando nos expomos, corremos o risco de sermos julgados pelas pessoas. Aceitos ou rejeitados. E o medo de rejeição e do não pertencimento é um dos principais fatores que impedem uma pessoa de falar em público.

Em uma perspectiva psicanalítica, para entender porque uma pessoa tem medo de se expor, é necessário levar em conta sua história, crenças e valores. Especialmente, como foi e como é seu relacionamento com os pais.  

Cabem algumas perguntas:

  • O quão aprisionada essa criança se sentia?
  • Os pais ou responsáveis restringiam demais a maneira como essa criança deveria se expressar?

A soma desses fatores pode criar uma personalidade mais aberta ou fechada. E pode fazer a diferença na maneira como essa pessoa se relaciona com o mundo, atualmente.

Como surge o medo da exposição?

O desenvolvimento psicossexual infantil

Segundo a psicanálise, o medo de exposição pode ser explicado por meio da teoria freudiana do desenvolvimento psicossexual infantil. Mais especificamente, na fase anal de desenvolvimento.

Nesta fase, a criança está recebendo muito dos pais e, inconscientemente, quer retribuir. E o que ela tem a oferecer de forma concreta? Apenas urina e fezes.

O psicanalista André Ariovaldo, que também é espeta em Hipnose e PNL, afirma:

Na concepção inconsciente da criança, o xixi e o cocô são como presentinhos que ela oferece aos pais.

A reação dos pais diante da produção de urina e fezes por parte da criança pode afetar a formação da sua personalidade.

Por ser uma fase muito delicada para a criança, qualquer descuido pode causar vários complexos em sua vida adulta. Pois, de acordo com a psicanálise, toda vergonha que sentimos hoje é fruto da fase anal.

Até pode parecer que não, mas, para a criança, é humilhante esperar a mãe chegar para limpar as suas necessidades.

Esse é um momento em que os pais precisam ser muito amáveis com os filhos.

Pois, se eles forem ríspidos e disserem algo como: “Nossa, que coisa nojenta e fedida”, poderá produzir um incômodo na criança.

Faz com que ela entenda que a expressão do seu mundo interno é algo negativo. Causa, até mesmo, o medo de se expressar em público. Entre outros transtornos.

Mas, se for o contrário, e a mãe disser: “Meu bebê fez ‘totô’, que bonitinho!”, a criança pode desenvolver uma personalidade mais proativa.

A atitude da mãe frente à criança desenvolve crenças positivas, como a ideia de que o que ela tem a oferecer é algo bom. Que tem muito a oferecer.

Os da infância

Além disso, outra situação que pode desencadear o medo de falar em público é quando, na escola, a criança pede para ir ao banheiro.

Mas o professor não deixa e ela acaba urinando na calça.

Nesse momento, ela se torna o destaque da sala, porém de forma negativa. Ela se sente humilhada, envergonhada e, inconscientemente, aprende que entrar em exposição é humilhante e perigoso. Por isso, tem que se isolar.

Em outra situação, os pais, para manterem os filhos próximos, dizem: “Você pode ficar com o papai, mas tem que ficar quieto.”

A criança aceita porque quer ficar junto dos pais. Mas, pode desenvolver crenças como: “Para que eu pertença, para que fique ao lado de quem eu amo, para que ninguém me mande embora… Preciso ficar quieto, não posso me expressar.”

medo de falar em publico

Sendo assim, fica claro que o medo de falar em público pode ter diversas causas e pode acabar desencadeando, inclusive, fobia social.

Na visão da psicanálise, é importante identificar as causas que fazem a pessoa ter esse medo, para prosseguir com o tratamento.

Por meio da hipnoterapia, é possível mudar essa Programação Mental Negativa e instalar novas crenças, que ajudem a pessoa a se expressar com liberdade.

Continue lendo para saber como utilizar a Hipnose para tratar o medo de falar em público!

Como superar o medo de falar em público com a hipnose

O primeiro passo é questionar o medo. Fazer uma série de perguntas que irão decompor a estrutura do medo e abrir as possibilidades para aplicação das técnicas de hipnose.

Veja alguns exemplos de perguntas:

  • Como você sabe que está com medo?
  • Como esse medo é processado em sua mente?
  • É através de imagens, sons e sentimentos ou apenas um diálogo interno?
  • No caso dos diálogos internos, qual o conteúdo deles?
  • O que você fala e como fala?

Nesse processo, busca-se compreender as razões que fazem o medo ser medo, quando surgiu e como se manifesta.

A partir daí, são trabalhados também outros aspectos emocionais da pessoa, que estão contribuindo com a manutenção da fobia.

Diminuindo a ansiedade 

A ansiedade é composta por vários medos projetados no futuro. Afinal, ninguém tem medo do passado.

Mesmo que alguém diga que tem medo do passado porque fez coisas que se forem descoberta, irão lhe prejudicar, ainda sim, é se forem descobertas. Isto é, medo projetado no futuro.

Quando nos demoramos muito no passado ou no futuro, perdemos a liberdade. O aqui e agora é tudo o que há.  

A ansiedade pode ser trabalhada na terapia por meio de técnicas de meditação mindfulness, que ajuda a pessoa a focar-se no momento presente.

O estado de presença, denominado de mindful, cancela os pensamentos automáticos. E permite que a pessoa tenha um maior controle emocional sobre o assunto.

Aumentando a autoestima

Trabalhar com a autoestima do indivíduo também é preciso. Grande parte da dificuldade em se apresentar está relacionada com a baixa qualidade de imagem pessoal que o indivíduo tem sobre si.

A pessoa acaba sendo muito exigente consigo mesma, se cobra demais e se pune mais do que o necessário. Ao ponto de preferir não fazer algo a fazer e não sair perfeito.

Algumas frases que as pessoas falam e evidenciam uma baixa autoestima são:

Nunca vou conseguir. Há pessoas melhores do que eu. Chame outro, não me imagino fazendo isso.

No tratamento da autoestima, podem ser usadas técnicas de hipnose e PNL.

Uma forma de fazer isso é através da ancoragem. Instalar recursos de segurança, calma, felicidade e autoconfiança.

Como usar âncoras para melhorar a autoestima

Na PNL, o processo de ancoragem é essencial para se produzir mudanças duradouras. Uma âncora é como um botão que pode ser acionado para ativar o os estado de recursos.

O estado de recursos refere-se à autoconfiança, autoestima, coragem, disposição, força de vontade ou qualquer outro recurso interno que a pessoa precise para falar em público, com segurança.

No processo, é solicitado ao cliente hipnotizado que se concentre. E viaje mentalmente para um momento da sua vida em que está se sentindo seguro.

Perceba como a semântica é importante. Por meio da sugestão, o hipnotista coloca uma experiência passada no presente. Para um momento da sua vida em que você está se sentindo seguro.

O que seria bem diferente da sugestão “Vá para um momento da sua vida em que se sentiu (passado) seguro ou irá encontrar (futuro) segurança”.

É importante trabalhar o senso de presença. Fortalecer o estado de recursos. Fazendo o cliente mergulhar na sensação de segurança para falar em público.

Inspire essa segurança, sinta esse sentimento se espalhando em todo o seu ser, preenchendo seu corpo, oxigenando seu cérebro, células e respiração.  

Então, quando a pessoa está imerso na sensação de segurança, o hipnotista pergunta:

Em uma escada de 0 a 10, onde 0 é totalmente sem segurança e 10 é completamente seguro. Como você está se sentindo agora?

Se a resposta for 6, o hipnotista pode perguntar:

E o que você pode fazer para que essa segurança aumente?

Ou simplesmente sugerir que o sentimento aumenta mais e mais. E quando chegar ao nível 8, 9 ou 10, insta a âncora.

Instalando a âncora

Para ancorar, pode-se pedir ao cliente que feche a mão o mais forte que puder, guardando essa segurança para acioná-la toda vez que fechar a mão. Em seguida, faz uma quebra de estado. Pronto, a âncora foi criada.

Agora a pessoa sabe que “com a condição de que minha mão feche, terei mais segurança”.

Também é possível criar âncora por meio da respiração. Para isso, o hipnotista observa o ritmo respiratório da pessoa, e quando ela estiver em um nível alto de engajamento, diz:

Sempre que você respirar assim (com confiança, energia, segurança), se sentirá seguro e forte para falar em público.

Outra dica é perguntar “E como o seu corpo ficaria se você conseguisse falar em público?”. Daí pede pra pessoa ajustar a postura, levantar e caminhar como se estivesse se sentindo segura.

Os resultados são incríveis. Pois, quando o corpo muda, o estado emocional é diretamente influenciado.  

medo de falar em público
Imagem: Pixabay

Protocolo de hipnose para superar o medo de falar em público

A seguir, você aprenderá os 10 passos de um protocolo para reorientação de aprendizagem e ressignificação. Um protocolo de hipnose clínica para tratar o medo de falar em público.

1. Determinar a queixa

O primeiro passo é determinar a queixa do cliente. No caso, já sabemos que é o medo de falar em público.

Nesse passo, entram as demais informações que o hipnotista tem sobre a pessoa. Como traumas de infância e gatilhos relacionados à ansiedade e autoestima que fazem a manutenção do medo.

2. Indução hipnótica

Aqui, o hipnotista induz o cliente ao transe hipnótico. Utilizando qualquer indução.

Até mesmo pedindo que ele feche os olhos, relaxe e se concentre em uma contagem de 0 a 10.

3. Eliciar a inteligência sistêmica

A inteligência sistêmica ou sabedoria interior é a representação de um estado de recursos.

Nesse estado, a pessoa sente que pode tomar decisões corretas e se auto ajudar, da melhor forma possível.

4. Instalar um gancho cinestésico

O hipnotista pergunta:

“Se você pudesse perceber, em seu corpo, a presença desse medo de falar em público, em qual parte do seu corpo este medo estaria acontecendo agora?”

A pessoa pode responder, por exemplo, que sente um aperto no peito, sensação de formigamento em algum lugar, entre outros. Então, associa o medo com aquela sensação, criando o gancho.

Esse passo é importante porque transforma a representação interna subjetiva do medo em uma representação objetiva, menos abstrata.

5. Percorrer a linha do tempo

Nesse passo, o hipnotista conecta a pessoa com 5 ou 7 momentos onde o medo e falar em público se manifestou.

Ele pode dizer:

“Vou contar até 3 e quando eu disser 3, você estará em um momento da sua vida onde está sentindo esse aperto no peito (associado ao medo)”.  

Logo: “O que está acontecendo? Está sentindo esse medo?”.

E se a resposta for sim, prossegue: “O que você está aprendendo nessa situação?”

A seguir, vai anotando cada lição que a pessoa aprendeu, em cada momento que sentiu medo.

O aprendizado no nível consciente como: “Fui capaz de superar”, “Estou falando mesmo estando com medo”.

E o aprendizado no nível inconsciente. Aqui, o hipnotista diz: “Me pergunto quanto mais coisas, inconscientemente, você está aprendendo, apesar de não estar consciente, não é verdade?”.

Isso é dito para que a pessoa perceba que está aprendendo em todos os níveis. Mesmo que não esteja consciente de tudo.

6. Visão futura do eu dissociado

“Vou contar até 3, e quando eu disser 3, você vai avançar para o futuro. E irá ter uma visão de si mesmo no futuro. Estará no futuro, vendo a si mesmo”.

Esse é um processo de dissociação, em que a pessoa vê a si mesma no futuro. Mas, como observador.

7. Instalar todos os aprendizados no “eu do futuro”

Nesse momento, o hipnotista relembra tudo que ela conseguiu aprender com o medo

E o cliente transfere todo esse aprendizado para o seu Eu do Futuro.

Faz com que ele se sinta realizado, pleno, completo, confiante, com autodomínio.

8. Associação e disparo de âncoras  

Associa o Eu Atual com o Eu Futuro. Os dois se tornam uma única pessoa, e sentem os efeitos positivos de todos aqueles aprendizados.

O hipnotista dispara as âncoras de segurança: “Agora você sabe que pode se sentir ainda melhor. Sentindo-se ainda mais seguro”.

9. Reorientar para o presente

É o momento do “despertar” da hipnose.

Nesse estágio, a pessoa é reorientada para o momento presente. E deve trazer consigo nesse retorno ao estado de vigília todos os recursos que eliciou no passo anterior.

10. Verificação

É o estágio de verificação do estado interno, se a pessoa realmente trouxe com ela todos os recursos. Como estão as âncoras.

Para finalizar, o hipnotista pode pedir à pessoa que se levante da cadeira e caminhe com a mudança, levando isso para todas as áreas da sua vida.  

 

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Fonte: