A hipnose pode ser um tema polêmico. Há muitos conceitos mal entendidos que acabam popularizando os mitos da hipnose. Consequentemente, descredibilizando-a.
De acordo com Associação Americana de Psicologia (Div. 30 – Society of Psychological Hypnosis), a hipnose é um procedimento durante o qual um profissional de saúde ou pesquisador sugere, ao tratar alguém, que ele irá experimentar mudanças nas sensações, percepções, pensamentos ou comportamento.
Já discutimos muito sobre as diferentes definições de hipnose, mas e os mitos da hipnose? Quais são?
Continue lendo para saber mais!
Hipnose: mito ou verdade?
O mito da hipnose é apresentado na mídia, em histórias como “Mogli: o menino lobo” (Disney; 1968, 2016) e “Escorpião de Jade” (Woody Allen; 2001).
Comumente na forma de uma história que inclui a interação entre hipnotizador e hipnotizado e resultados a curto e longo prazo.
Nestas tramas, a hipnose é apresentada como um estado instantâneo, semiconsciente e semelhante ao sono. Este é produzido por um hipnotizador poderoso que tem uma influência quase milagrosa no participante submisso hipnotizado. Também seguido de devastadoras consequências a longo prazo.
As falsas crenças dos mitos da hipnose
Na sociedade ocidental, existem pelo menos três dimensões em que podem ter essas concepções erradas sobre a hipnose:
- Pessoal e interpessoal — experiências próprias;
- Grandes grupos ou eventos locais-nacionais;
- Histórico-cultural.
1. A falsa crença da experiência própria
Equívocos que se desenvolvem nos níveis pessoais e interpessoais são geralmente causados por experiências negativas ou semi-profissionais com hipnose. Assim como com experiências hipnóticas, como meditação, imaginação guiada e hipnose de palco.
Além disso, esses equívocos chegam baseado em histórias contadas por parentes, amigos, ou conhecidos. Informações do teatro, livros, filmes, etc.
2. A falsa crença de um grupo
As falsas crenças locais-nacionais sobre os mitos da hipnose geralmente surgem de lendas urbanas e eventos bem conhecidos na memória local-nacional.
- Por exemplo, em Israel, um dos equívocos mais frequentes, entre o público em geral sobre a hipnose, é que a pessoa não pode ser acordado após uma sessão de hipnose. Este equívoco provavelmente persistiu devido ao caso bem conhecido de um estágio hipnotizador que foi incapaz de desipnotizar um dos sujeitos durante um show.
Baseado em livros de hipnoterapia populares norte-americanos, o erro mais comum sobre a hipnose é que é uma forma poderosa de controle da mente.
No Brasil, ficou conhecida (e temida) como hipnose a propaganda infantil do chocolate Batom: “Compre Batom”. Voltada ao público infantil, ao usar sugestões diretas e persuasivas, acabou sendo proibida pela ABAP (Associação Brasileira de Agências de Publicidade), em 2013.
3. A falsa crença histórico-cultural
Os elementos histórico-culturais que influenciam as visões do público são atribuídos à história da hipnose moderna. Com nomes como Mesmer, Braid, Charcot e Freud.
Alguns mitos da hipnose
O hipnotizado perde a consciência?
Não.
Há quem acredite que a mente não volte, após uma sessão de hipnose. É importante perceber que, durante a sessão, o hipnotizado não perde a consciência. Ele apenas entra em um estado de grande relaxamento e atenção.
A pessoa permanece acordada durante todo o processo e pode sair do transe sozinha. Existem sim casos em que o hipnotizado experimenta um estado de relaxamento tão agradável, que não aceita a sugestão do hipnoterapeuta de voltar.
Quando isso acontece, a pessoa permanece mais um tempo em transe até que cai, naturalmente, no sono e acorda.
A hipnose deve ser usada para recuperar memórias?
A noção de que a hipnose pode alterar permanentemente memórias é conhecida desde o século 19 (Freud, Bernheim, Janet, Forel) no campo da hipnose e da psicologia.
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A hipnose produz efeitos negativos?
Muitos podem se afastar da hipnose porque têm medo de reações à hipnose indesejadas. Principalmente porque podem ser incapazes de lidar com elas.
Afinal, se a hipnose produz profundas alterações na consciência, percepções e sensações, as coisas podem ficar fora de controle durante o sessão?
No entanto, na maioria dos estudos experimentais, os sujeitos descrevem uma a experiência da hipnose como positiva.
É comprovada cientificamente?
Sim!
Embora existam muitos exemplos na literatura científica que atestam a utilidade da hipnose clínica, um estudo publicado na revista Gut, em 2003, é digno de nota.
O estudo envolveu 204 pessoas que sofrem de Síndrome do Cólon Irritável. O tratamento consistiu em 12 sessões semanais de hipnose (com duração de aproximadamente uma hora cada).
58% dos homens e 75% das mulheres relataram alívio significativo dos sintomas imediatamente após o término do tratamento.
Mais de 80% dos que relataram alívio inicial ainda foram melhorados até seis anos depois. Menos de 10% dos participantes tentaram outros tratamentos após a hipnoterapia.
Fonte:
- MEYERSON, J. The myth of hypnosis: The Need for Remythification.
- APA. Hypnosis Today: Looking beyond the midia portrayal.
- CARAM, N. PASCOALINI, R. Do Persuadir para o Educar: o chocolate Batom e a evolução do seu discurso publicitário.