A Neurociência Desbanca Muitos Dos Populares Mitos Sobre O Cérebro
Há tantos mitos sobre o cérebro tão populares, que muitos são considerados fatos. E muitas pessoas lutam para acreditar que eles são mitos, quando questionados.
Entender o cérebro e como ele funciona, com certeza, é importante para o campo da saúde mental.
A despeito dos grandes avanços tecnológicos sobre como podemos examiná-lo (tomografia computadorizada, ressonância magnética funcional, neuroimagiologia, etc), o cérebro ainda é um grande mistério para nós.
Devido à complexidade do cérebro, tendemos a simplificar a informação sobre como ele funciona, a fim de fazê-lo compreensível. Através dos anos, criamos muitos mitos sobre o cérebro.
Na última década, os neurocientistas nos mostraram que muitas das coisas que pensávamos sobre o cérebro não era nada que apenas mitos. Ainda assim, muitos deles ainda persistem.
Hoje, eu contarei sobre os mitos mais comuns e disseminados que circulam sobre o cérebro. A maioria deles encontrei ao longo do meu campo profissional, tais como:
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Então, vamos lá?
Desbancando mitos sobre o cérebro humano mais comuns
1. Nós usamos apenas 10% da nossa capacidade cerebral
De acordo com a revista Wired, cerca de 45% dos professores do Reino Unido e 65% dos professores americanos acreditam que o “mito dos 10%” é real.
Esta noção é muito ridícula. Ainda mais quando você considera que apenas uma pequeno dano cerebral é capaz de deixar pessoas com sequelas irreversíveis.
Ou, talvez, você acredite que nós apenas usamos 10% dos nossos neurônios, a qualquer momento.
Escaneamentos do cérebro descobriram que você utiliza a totalidade do seu cérebro, durante todo o tempo. De fato, algumas partes do seu cérebro trabalham mais que outras. E algumas pessoas desenvolvem caminhos neurais para tipos específicos de pensamento, tais como aqueles requisitados para certos trabalhos, esportes, habilidades, etc.
Até quando não estamos ativando ações potenciais, nossas células cerebrais podem ainda receber sinais de outros neurônios.
A verdade, é que, nós sabemos relativamente pouco sobre o cérebro e como ele funciona. Mas é altamente improvável que não desenvolveríamos um órgão tão largo e complexo, se ele não fornecesse uma vantagem evolucionária tão clara.
Usamos provavelmente todas as partes do cérebro. E sua maioria está ativa a maior parte do tempo.
Em outras palavras, se você estivesse escaneando seu cérebro durante 24 horas, você descobriria que maioria das regiões dele estaria ativa. E, ao longo do dia, você usaria cerca de 100% dele, a maior parte do tempo.
2. Adultos não podem produzir novas células cerebrais
É o mais comum dos “neuro-mitos”. Pesquisadores da Universidade de Columbia encontraram evidências de que adultos mais velhos saudáveis podem gerar tantas células cerebrais novas do que os jovens.
Por bem mais de uma década, a pesquisa mostrou que o cérebro é capaz de formar novas conexões, em um processo denominado com neuroplasticidade. Desde então, há um debate contínuo se o processo de envelhecimento do cérebro humano pode também produzir novas células (neurônios).
Por certo, um estudo de 2018 publicado pelo periódico Cell Stem Cell mostrou que cérebros envelhecidos são capazes de gerar novas células. O que sugeriu que muitos adultos mais velhos podem permanecer mais intactos cognitivo e emocionalmente do que eles imaginavam!
3. Temos nossos estilos de aprendizado preferidos
Blogueiros que escrevem sobre neurociência costumam citar o que eles chamam de modelo VARC, desenvolvido por um rapaz chamado Neil Fleming, em 2001. Ele pensa que os estilos de aprendizado podem ser divididos em quatro tipos básicos:
- Visual: ver algo, como em um Powerpoint
- Auricular: ouvir algo, como em uma palestra.
- Leitura/Escrita: ler um livro ou escrever alguma coisa
- Cinestésico: fazer alguma coisa, como um experimento
Infelizmente, outras pessoas (como Coffield e Martinez) descobriram, identificando na literatura, outras 70 maneiras diferentes de aprender informações dentro ou fora do cérebro. O que faz o modelo de Fleming um tanto mal feito.
A razão pela qual tudo está na sua cabeça é o que você acha ser o seu estilo de aprendizado preferido que há alguns assuntos que são melhores ensinados de uma forma particular.
A razão disso é que existem alguns assuntos que são ensinados de uma maneira específica. Mesmo apesar do que você pensa sobre a sua maneira preferida de aprender.
Por exemplo, se a matéria é geografia, então é melhor visualizada — e ponto final. Se a matéria é dança, então é necessário ensiná-la cineticamente… E assim por diante.
Então, o seu estilo de aprendizado é irrelevante!
O fato é que estilos de aprendizado são dependentes do assunto, do professor, das emoções… De fato, eles são dependentes de muitas que não podem ser mensuradas.
4. O lado esquerdo ou direito do cérebro
Na realidade, de acordo com a evidência científica, a conceituação é baseada em um completo mal entendido do “conceito de lateralidade”, que não é novo.
Isso começou quando o conceito de lateralidade foi introduzido pela primeira vez, em 1978, por Bryden.
A comunidade da Neurociência nunca aceitou a ideia dos tipos de personalidade dominante de esquerda ou direita. Os estudos de Lesion não apoiam isto.
E a verdade é que seria ineficiente se apenas uma das metades do cérebro fosse consistentemente mais ativa do que a outra.
É uma visão de inteligência antiquada que ensina que muitos de nós somos, desde cedo, ou criativos ou lógicos.
Então, quando uma garota de 12 anos preenche um teste de personalidade que coloca ela como uma pessoa que usa mais o lado direito do cérebro, e ela decide deixar de lado o dever de matemática porque ela não é boa com número, então é hora de parar com esse mito!
Nosso cérebro não é como um computador. Tem uma capacidade incrível de se reorganizar, formando novas conexões entre os componentes diferentes. Permitindo aprender continuamente novas coisas como também modificar comportamentos.
É um dos mais organismos complexos que se tem conhecimento. Possui uma profunda fonte de pensamento científico, explosões de criatividade, razão abstrata e atos surpreendentes de amor e criatividade.
Desse modo, sugerir que algumas pessoas usam mais o lado esquerdo ou direito, é simplesmente errado. A despeito de como a maior parte das escolas e companhias pensam sobre esta noção.
5. A capacidade do cérebro é limitada
Todos os humanos possuem capacidade cerebral similar.
Muitas pessoas dizem que tem a memória fraca mas, na verdade, conceitos como este realmente não existem.
É tudo sobre como treinamos nossa mente para memorizar informação (que estratégia nós usamos, quanta crença temos nela, nosso estado quando tentamos memorizá-las, etc). É A única diferença que existe na formação da nossa memória, não na capacidade integrada.
Nosso potencial do cérebro é infinito.
6. Mitos sobre a memória
A memória fica pior com a idade?
Muitas pessoas acreditam que com o passar dos anos, elas começam a perder as memórias delas.
É verdade que os neurônios diminuem com a idade. No entanto, exercícios para melhorar a memória ajudam a continuar desenvolvendo novas células.
A atividade cerebral ajuda a manter nítido o funcionamento da memória.
Verdade: Novos aprendizados melhoram a sua memória
Em muitos estudos, ficou provado que a memória trabalha como nossos músculos do corpo.
Da mesma maneira que nossa musculatura precisa de exercício para aumentar sua força, nossa memória pode também ser desenvolvido através de exercícios para a mente.
Quanto mais aprendermos a utilizar nosso cérebro, nossa capacidade de memória aumentará.
Quando você aprender novas informações e formar uma nova memória, seu cérebro criará novas conexões entre neurônios e aumentará sua capacidade de memória.
O cérebro humano é desenvolvido de uma maneira que é fácil para memorizarmos a informação quando esta é representada por meio de uma história. Aprender novas formas de criar histórias que engajem a imaginação e encorajem a visualização devem ser reforçadas.
Assim, a metáfora e as histórias são modos efetivos para aprender
Verdade: O sono é crucial para o desenvolvimento da memória
Cientistas descobriram que o sono é essencial para a saúde da memória. Assim como facilita o armazenamento e a recuperação da memória de longo prazo.
Verdade: A memória humana não funciona como uma fita de vídeo
É um mito que, uma vez você tendo experimentado um evento e formado uma memória dele, essa memória não mudará.
Nossas memórias não são gravadas com perfeição. Todos temos nossa própria maneira de lembrar as coisas diferentemente.
De fato, cada vez que você volta a lembrá-la, ela é executada de uma maneira diferente.
7. O QI não pode ser mudado
Agora sabemos que o cérebro tem qualidades plásticas. Isto é, ele é capaz de mudar com o passar da idade. Visto que o QI é simplesmente a medida da capacidade cognitiva do cérebro, habilidades mais fortes traduzem em QI mais alto.
“Nosso cérebro é mais plástico que nós pensávamos”, disse a pesquisadora Sussane M. Jaeggi.
De acordo com seu grupo de pesquisa, a maioria dos testes de QI tentam medir dois tipos de inteligência: uma cristalizada e outra fluida.
A inteligência cristalizada depende das habilidades existentes, de conhecimentos e experiências para resolver problemas, ao acessar a informação da memória de longo prazo.
A inteligência fluida, por sua vez, depende da habilidade de entender o relacionamento entre vários conceitos para resolver problemas. É independente de qualquer conhecimento, habilidades e experiências prévias e acessa informações da memória de curto prazo ou da memória operacional.
Os pesquisadores concluíram que esta parte da inteligência pode ser melhorada.
8. O tamanho do cérebro determina a inteligência
Hoje, está bem estabelecido que a capacidade craniana do homem de Neandertal (nosso primo das cavernas), era 150 a 200 centímetros cúbicos maior que do homem moderno.
A despeito do tamanho do cérebro maior deles, os Neandertais se extinguiram de 35.000 a 40.000 anos atrás, enquanto ainda estava compartilhando a Europa com o homo sapiens.
Então, de que vale a pena ter um cérebro maior quando você não consegue competir com seu primo de cérebro menor?
Estudos científicos sobre as espécies animais (incluindo humanos) estão desafiando a noção de que o tamanho do cérebro determina a inteligência.
Pelo contrário, os cientistas tendem, agora, a sugerir que a organização subjacente do cérebro e a atividade molecular nas sinapses (a comunicação entre as junções de neurônios onde os impulsos nervosos passam) são o que ditam a inteligência.
Grandes primatas, baleias, golfinhos e elefantes têm os mesmos neurônios no córtex frontal que os humanos possuem.
Então, necessariamente, não é o tamanho do cérebro, o tamanho relativo do cérebro ou o número absoluto de neurônios que nos distinguem.
Pode ser uma fiação mais simplificada, o metabolismo mais eficiente ou sinapses mais sofisticadas. Porém, provavelmente, não é o tamanho do cérebro.
9. O álcool mata as células cerebrais
Aqueles que gostam de um drinque ou outro podem estar brindando agora, mas as notícias não são muito boas.
Não é verdade que suas células cerebrais estão morrendo pelo consumo excessivo de álcool. Mas sim as suas dendrites que estão sendo danificadas.
Os alcoólatras podem sofrer danos cerebrais, e não porque o álcool está matando suas células do cérebro. Existem poucas coisas que acontecem quando pessoas bebem álcool por um período prolongado.
Embora isto não mate suas células cerebrais, suas dendrites (as extremidades ramificadas das células cerebrais) estão sendo danificadas.
As dendrites são a chave para passar mensagens de um neurônio para outro. Ou seja, sua intensa degradação pode causar problemas cognitivos.
Pesquisas recentes mostram que o dano nestas extremidades pode ser revertido com certos tipos de terapias e treinamentos.
10. O cérebro de homens e mulheres são tão diferentes a ponto de ditar as habilidades que cada um deles aprendem
Realmente existem diferenças entre os cérebros de homens e mulheres. De modo que a distinção psicológica pode resultar em diferenças na maneira como o cérebro deles funciona.
Nenhuma pesquisa, no entanto, demonstrou que existem diferenças específicas entre gêneros, sobre como a rede de neurônios se torna conectada, quando nós aprendemos habilidades novas.
Mesmo que algumas diferenças de gênero acabem emergindo, elas serão pequenas e baseados em médias. Em outras palavras, eles não serão necessariamente relevantes para qualquer indivíduo.
Por que tão fácil acreditar nestes mitos sobre o cérebro?
Há um pouco de verdade neles.
Às vezes, são tão repetidos em nossos próprios cérebros e nós falhamos em questionar sua validade. Especialmente quando contada por alguém em que confiamos ou respeitamos.
Se você já acreditou em algum desses mitos sobre o cérebro, não desanime. Você não estava sozinho.
Tanto quanto os cientistas sabem sobre o cérebro humano, há uma longa jornada antes de chegarmos perto do entendimento total sobre este órgão misterioso que nos torna tão humanos.
Por: Adam Eason. Artigo traduzido e adaptado de Common Brain Myths Explored – Neuroscience Debunks Many Popular Myths About the Brain.
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