O Que É a Terapia de Regressão Hipnótica?

A regressão, certamente, é uma técnica muito valiosa da hipnoterapia. No entanto, ela também é bastante controversa, dividindo os hipnoterapeutas em diferentes opiniões.

Essa polêmica existe pelo fato de muitos hipnólogos não fazerem o devido treinamento para começar a hipnoterapia. E também por muitos casos existentes da síndrome da falsa memória.

O risco de ter uma falsa memória e as consequências do hipnólogo não saber lidar com as descargas emocionais provocadas pela regressão (reações a-b), são os motivos da regressão não ser recomendada em uma sessão. A não ser que o terapeuta tenha um treinamento apropriado, e que seja uma terapia centrada ao cliente.

Isto é, que todas as respostas para o cliente estão dentro de seu subconsciente.

Acompanhe o artigo para saber mais sobre essa técnica de hipnose!

O que é a terapia de regressão hipnótica?

A regressão é um processo de busca de memórias que foram reprimidas devido a algum trauma já vivido, por exemplo.

É baseada em um mecanismo de defesa identificado e contextualizado por Freud: a repressão da memória.

Quer dizer, se uma pessoa possui um trauma, isso pode causar ansiedade para a sua mente consciente. Através da regressão, busca-se essa memória em seu inconsciente. Reprimir não é apagar uma lembrança, mas sim afastá-la.

A regressão tenta trazer de volta essa primeira recordação, do momento em que a pessoa sofreu o trauma.

Após esse processo, podem surgir certos sintomas. E o trabalho de um bom hipnoterapeuta é auxiliar a ressignificar esse sintoma, para, logo, liberá-lo de seu trauma.

Durante um estado hipnótico, o simples fato de voltar para trás no tempo, dentro da sua imaginação, é regressão.

Ao lembrar-nos de determinados eventos, de certo modo, somos capazes de vivê-los uma vez mais, experienciando os aspectos desse ocorrido. O nível de re-experienciação, de reviver aquela situação, vai de acordo com o nível de emoção associada a essas memórias.

Repressão de memórias

A repressão, como mencionado acima, é um mecanismo de defesa. Em outras palavras, quando temos pensamentos incômodos, eles são colocados em uma área inacessível na nossa mente consciente.

Quando somos incapazes de lidar com a situação naquele momento, vamos afastando os maus pensamentos. Ou até planejamos lidar com eles depois. Ou esperamos que desapareçam por si só.

No entanto, as memórias reprimidas não vão embora por completo. São cumulativas, e podem aparecer como ansiedades ou outros tipos de comportamentos.

Um alto nível de repressão pode gerar, igualmente, alto nível de ansiedade e outros.

Quando a regressão hipnótica é adequada?

É muito indicada para aqueles clientes que têm um problema que começou no passado. Normalmente, na infância, mas nem sempre.

Pode parecer até óbvio fazer a regressão para alguns transtornos, como medos, fobias e ansiedades, depressões, ataques de pânico. Mas, para outras causas, é necessário conversar com o paciente e ouvi-lo, a saber se a regressão é realmente apropriada.

Tipos de regressão hipnótica

Regressão de idade

Neste tipo de regressão, o paciente volta à momentos de sua infância (mais comum), de sua adolescência, ou de algum momento importante de seu passado. Ela pode chegar até a agir como se, de fato, vivesse tal época, novamente.

Assim que o hipnoterapeuta identifica a causa da dor da pessoa, começa a dar-lhe sugestões para voltar a esse momento determinado de sua vida. E a revivê-los para ressignificá-los.

Regressão de vidas passadas

Esta técnica é, provavelmente, a mais polêmica. Não cabe aqui discutir crenças religiosas, filosóficas e espirituais. No entanto, se o sujeito a ser hipnotizado possui sim uma crença em vidas passadas, pode ser uma ferramenta muito poderosa de ressignificação.

Afinal, é fatídica ou fantasia? Roy Hunter aborda no livro “The Art of Hypnotic Regression Therapy: A Clinical Guide” algumas explicações populares para o sucesso da terapia de regressão.

Entre essas teorias, estão:

  • Metáforas da vida atual (falsas memórias). Neste caso, as memórias seriam fantasias originárias de algum interesse do sujeito por determinado lugar, período da história, personagem, filme, sonho… Ou até um evento que aconteceu em seu passado e teve impacto inconsciente na vida presente da pessoa. É criado uma persona, um alter ego, na tentativa de explicar traços da personalidade atual do sujeito.
  • Reencarnação, ou memórias da alma.
  • Soul tapping, que seria algo como, a pessoa que está em hipnose “se utiliza” de memórias do Livro Universal da Vida, do Espírito Santo ou dos registros akáshicos, e agrega-as às suas memórias atuais.
  • Consciência universal. Similar à teoria acima, essa crença diz respeito a que todos nós estamos interconectados pelo espírito de Deus ou por uma consciência universal. Assim, todas as memórias de todas as vidas já vividas, no passado e no presente, estariam disponíveis através da hipnose caso alguém precise delas para o próprio crescimento pessoal e espiritual.
  • Memória genética. Esta é a fé de que as memórias são passadas hereditariamente.

  • A r

    egressão espontânea

    é rara de acontecer, independente da sua crença. Consiste em o sujeito, espontaneamente, “viajar” a uma vida passada, real ou imaginária.

     

A ética na terapia de regressão hipnótica

É importante ressaltar que, independente da sua própria crença e de como você enxerga a regressão, pessoal e profissionalmente, deve-se respeitar a crença do sujeito a ser hipnotizado.

Deve-se trabalhar dentro da zona de conforto do paciente, tratando-o da maneira que você gostaria que te tratassem.

Portanto, Hunter separa três tipos de crenças possíveis com que o hipnoterapeuta pode se deparar: os que acreditam na vida passada, os céticos e os indecisos.

No entanto, se o cliente pede a sua opinião sobre vidas passadas, tome cuidado com a sua resposta! Em alguns casos, expressar sua opinião pode ser um risco à sua carreira, caso você acredite em vidas passadas. Isto é, existe a possibilidade de limitar seu mercado. Pois há pessoas que podem duvidar da sua credibilidade, só porque você pratica esse tipo de terapia.

Caso o hipnoterapeuta julgue necessário fazer uma terapia do tipo, e a pessoa não se sente confortável com isso, em vez de forçá-la a fazer algo que não acredita, o hipnólogo pode resumir brevemente as possíveis explicações para a regressão. Assim, deixará o paciente confortável com a sessão.

E, principalmente, não é papel do hipnoterapeuta converter as crenças do sujeito, em prol de suas próprias convicções.

Problemas da regressão hipnótica

Terapia de regressão hipnótica

A síndrome das falsas memórias

Durante os anos 1980 e 1990, muitos terapeutas tentaram recuperar memórias de seus clientes, indevidamente. E muitos deles acabaram cobertos de processos judiciais, acusados de abusos.

A maior armadilha que os hipnoterapeutas podem cair é não saberem como guiar apropriadamente o cliente. Isso pode acontecer quando o clínico utiliza a regressão para validar as suas opiniões preconcebidas, independente do problema do cliente.

Quando a pessoa está realmente em um transe hipnótico, ela está vulnerável. Assim, se o hipnoterapeuta verbaliza a sua empatia, esses comentários podem ser mal interpretados pelo inconsciente do paciente. E acabam se tornando sugestões reais. Esses comentários inapropriados podem originar falsas memórias que o paciente acredita, com todas as suas crenças, que realmente aconteceram. Acredita que, por quaisquer motivos, de fato aconteceram, quando, na verdade, essas lembranças não tem nenhum fundamento.

O problema é que, mesmo que a essa seja inofensiva, essas sugestões podem ser sérias! Podem atrapalhar o equilíbrio familiar e arruinar uma vida.

 

Fonte:

  • Eimer, B. Hunter, R. Art of Hypnotic Regression Therapy: A Clinical Guide.

 

Hipnose clínica: como funciona?