Há alguns anos a hipnose de rua era vista de forma assustadora. Era como se o hipnotista fosse um controlador de mentes.
Mas essa percepção equivocada já evoluiu muito, graças ao movimento da hipnose que existe hoje no Brasil.
Hoje, temos várias e várias pessoas estudando hipnose ou hipnotizando nas ruas. A prática se tornou respeitada e até bem vista.
Tem várias pessoas que estão se tornando boas na hipnose de palco, boas no street, mas acham que terapia é a mesma coisa. E não é.
Pontos importantes para a psicologia
Aliás, existem até mesmo cursos de hipnose clínica por aí que vão falar que terapia é sinônimo de dar sugestão direta.
Essas pessoas estão ignorando questões centrais da psicologia, que já são sabidas há muito tempo. Que não podem ser ignoradas.
A primeira questão é que terapia não é sugestão direta. Elman falava muito do chamado compouning, algo que Weitzenhoffer vai chamar de homoação. Ou seja, se eu repito uma sugestão com frequência, maiores as chances de essa sugestão ter mais força no inconsciente.
Isso foi muito bem documentado pra hipnose de palco, mas não necessariamente para hipnose clínica.
Terapia não é sugestão direta
Por exemplo, a pessoa quer parar de fumar. O simples fato de, durante a sessão, eu dar duas sugestões diretas envolvendo o parar de fumar, não significa que essa pessoa realmente vai parar de fumar.
Porque o vício, o sintoma, é muito mais complexo do que isso.
Pra ficar um pouco mais claro, imagine dois clientes que pretendem parar de fumar. Os dois fumam apenas seis cigarros por dia, têm a mesma idade, mesmo peso, e decidem parar de fumar.
Só que um deles tem uma vida extremamente estressante, tem um trabalho que detesta e utiliza o cigarro nesses momentos.
O outro, ama viver a vida. E utiliza o cigarro apenas de forma automática, por causa do hábito. Ou quando está dirigindo, ou quando está mexendo no computador.
É muito rasa a ideia de que os dois têm as mesmas necessidades na clínica. É muito ingênua a ideia de que os dois vão passar pelo processo da mesma forma. Ou que eu posso criar e utilizar um roteiro envolvendo boas atitudes, e que isso vai funcionar.
No caso da pessoa que tem uma vida estressante, a forma como essa pessoa lida com a vida é mais importante do que o cigarro. Ainda que essa primeira pessoa possa ter começado a fumar por causa de aceitação social, a manutenção do tabagismo está acontecendo por outros motivos, como estresse.
Por outro lado, aquela pessoa que tem uma vida ótima e vive de bem com a vida o tempo todo, ela vai ter muito mais facilidade para largar esse vício.
A terapia é um sistema
Então, terapia tem que ser tratada como um sistema. Você tem que ver como o sintoma está dentro do sistema que essa pessoa está inserida. Não é simplesmente chegar e dar uma sugestão qualquer e esperar que o resultado vai acontecer.
É óbvio que alguém vai ter ótimos resultados com uma sugestão direta.
Assim como tem pessoas que param de fumar espontaneamente. Mas se você quer aprender cada vez mais hipnose clínica, entenda um pouco mais sobre as teorias da psicologia: como acontece a manutenção dos sintomas.
E assim você vai ser um terapeuta muito mais bem sucedido!
Entenda mais sobre essas questões e outras lendo sobre diagnósticos de saúde mental!