Se aceitarmos a definição do estado de hipnose como uma vigília relaxada, então acho que devemos aceitar que somos temos suscetibilidade hipnótica.
A suscetibilidade à hipnose depende do contexto, da transferência e do vínculo com o hipnotista… De traços de personalidade, como abertura ou empatia.
Para entrar em transe, a pessoa precisa de uma chave. No entanto, têm alguns que a porta para o inconsciente está quase aberta. A chave está em um lugar muito fácil de ser encontrada.
Saiba mais sobre a suscetibilidade hipnótica!
[toc]
Todos podem ser hipnotizados?
Podemos concordar que todos são sugestionáveis, em algum grau. E que a sugestionabilidade varia de indivíduo para indivíduo.
Mas uma coisa é fato: quanto mais velho um indivíduo se torna, menos sugestionável ele é.
Se o sujeito não treina a hipnose em sua vida, se não pratica a respiração ou a habilidade de visualização, sua suscetibilidade diminuirá com o tempo.
Por isso, crianças e adolescentes entram facilmente em transe. Elas possuem uma imaginação muito forte; além de terem sido calejados pela vida…
Quem é mais suscetível à hipnose?
Poucas pesquisa foram concluídas sobre a suscetibilidade à hipnose, desde que foi usada pela primeira vez há mais de 200 anos.
Na década de 1980, Wilson e Barber tentaram categorizar diferentes grupos na tentativa de categorizar os tipos de personalidade suscetíveis ao hipnotismo. Concluíram que os mais suscetíveis eram aqueles com a imaginação mais ativa.
Eles os denominaram fantasistas. Dentro desse grupo incluíam pessoas que haviam sido encorajadas a entrar em brincadeiras imaginativas quando crianças. Curiosamente, aquelas que tinham um amigo imaginário!
Muito poucos hipnoterapeutas, assim como hipnotizadores de estágio profissionais, de fato usam a pergunta “Você já teve um amigo imaginário?”, como um filtro inicial ao escolher assuntos que possamv ser especialmente sugestivos.
Então, se você está se perguntando se você é suscetível ao transe hipnótico, a categorização é direta:
- Se você fantasia ou sonha acordado com frequência, então você é muito mais suscetível do que se fosse uma pessoa mais analítica.
Se você não quer ser hipnotizado, você não será!
Fato é que, se um indivíduo não quiser ser hipnotizado, ele torna quase impossível para o hipnoterapeuta fazê-lo entrar em transe.
O mito do controle da mente é um dos mais comuns da hipnose.
Há personalidades “controladoras” que não vão abandonar sua zona de conforto. O que, infelizmente, para o hipnotizador, pode ser bem complicado fazer com que a pessoa vá para outros domínios da imaginação.
As escalas de suscetibilidade hipnótica
As escalas de suscetibilidade hipnótica falam sobre o nível de dificuldade para se estabelecer cada fenômeno hipnótico.
As escalas também dizem a porcentagem de acerto que cada rotina tem.
Pegue um sujeito que nunca foi hipnotizado antes. Se a primeira sugestão é que ele tenha uma alucinação, pode ser que não funcione! O sujeito se sentirá frustrado e o hipnotista não aproveitará todo o potencial da pessoa.
Também é equivocado afirmar que se o sujeito não responde a rotinas simples, como a da mão colada, não conseguirá ter alucinações.
De acordo com a escala que se estabelece sobre o sujeito, tem-se a informação necessária para saber o que funciona com a pessoa a ser hipnotizada.
As mais famosas são de Stanford e de Aaron.
Escala de suscetibilidade hipnótica de Stanford
Essa escala foi desenvolvida no início dos anos 1960.
A pesquisa foi baseada em uma pequena amostra de ambos os sexos, com suscetibilidade sendo definida como: número de respostas representativas da hipnose produzidas dentro dos procedimentos padrão de tentativa de indução e teste.
Em outras palavras, cada um dos sujeitos foi colocado em transe. Tudo o que foi obtido foi uma distribuição baseada na profundidade do transe em que eles pareciam estar, variando de:
- 17% resistente.
- 35% sonolento.
- 25% moderado.
- 23% em transe hipnótico profundo.
Nenhuma relação particular foi buscada entre as características dos sujeitos e o tipo de estado que foi alcançado com eles.
Neste artigo, vamos nos focar mais sobre a suscetibilidade de Aaron.
Escala de suscetibilidade hipnótica de Aaron, por Sean Michael Andrews
Essa escala foi adaptada pelo hipnotista Sean Michael Andrews.
Os fenômenos mais fáceis de serem observados são:
- Catalepsia de movimentos dos músculos: Não é fácil colar os olhos apenas com os pensamentos. Como na rotina de Dave Elman, quase todos conseguem colar os olhos
- Catalepsia de músculos maiores: Um pouco mais difícil é a catalepsia de músculos maiores. Como enrijecer o braço e dizer que é inquebrável. Ou colar as duas mãos. De fato, é um fenômenos bem mais complexo que só colar os olhos.
- Fixar a mão em algo: Só com o pensamento, colar a mão envolve um certo grau de concentração. Maior ainda exige fixar a mão em algo, como a parede.
- Amnésia: Seria fazer alguém esquecer o próprio nome ou alguns números. Perceba que não é só um bloqueio simples, já é um alto grau de suscetibilidade hipnótica. Agora, uma amnésia completa só acontece com sujeitos sonambúlicos — 20% da população.
- Alucinação positiva: Se foi possível estabelecer bem a rotina da amnésia, não será difícil estabelecer uma alucinação. No caso da positiva, é fazer com que o sujeito imagine algo que já existe. Como uma celebridade, por exemplo.
- Alucinação negativa: A negativa é fazer com que a pessoa deixe de perceber algo que existe. Certamente, é bem mais complexo!
Veja essa escala de suscetibilidade hipnótica na prática:
Testes de suscetibilidade hipnótica: são necessários?
Uma dúvida muito comum é se fazer esse teste de suscetibilidade é necessário.
Se o sujeito for muito suscetível, fazer uma sugestão de alucinação logo de início, ele terá uma alucinação!
No entanto, para fazer isso, o hipnotista já deve conhecer de antemão essa característica na pessoa. Senão, é preciso fazer rotinas simples antes para saber.
Os testes tem duas importâncias:
1. Conheça bem o sujeito
Se é uma pessoa que você não conhece, que não sabe como ela pensa e se comunica (afinal, hipnose é comunicação).
Mesmo se for algo de pseudohipnose, com fenômenos fisiológicos, é possível transformá-los em hipnose a partir da própria percepção.
Se for dedo magnético, por exemplo, uma indução de choque e arm pull é uma boa.
Para levitação de braço, as pessoas que levitam-no bem, entram melhor em transe de indução de choque.
Entre outros…
2. Permita que o sujeito tenha a melhor experiência possível com a hipnose
Ao hipnotizar alguém pela primeira vez, tentar já de cara sugerir-lhe uma alucinação, ela pode sair frustrada.
Talvez, ela poderia ter uma boa experiência esquecendo o nome ou alguns números.
A partir dos testes de suscetibilidade hipnótica, eleva-se a expectativa do indivíduo. E isso é importante para favorecer que a magia da hipnose aconteça de um jeito mais fácil. De acordo com as suas limitações.
Fonte:
- Alberto Dell’Isola. Escalas de suscetibilidade (part. Bob Marley); Suscetibilidade; Testes de Suscetibilidade? São necessários?
- How Susceptible to Hypnosis are You? How is This Measured? (Natural Hypnosis)