A fobia de barata é uma das mais fobias comuns e até mesmo famosos já revelaram que sofrem com ela. Quem tem a catsaridafobia, nome dado a esse medo exagerado, só de ver uma foto desse inseto ou de enxergá-lo em um vídeo, por exemplo, já começa a apresentar sintomas de ansiedade.
Isso ocorre porque a reação de quem tem medo e de quem tem fobia de barata é bem diferente. No caso da catsaridafobia, a pessoa tem muito mais do que um preceito ou nojo do animal.
Descubra a diferença de medo e fobia e veja como tratar a fobia de baratas e outros medos disfuncionais. Para isso, conheça duas técnicas de hipnose e PNL!
Fobia x medo: qual é a diferença?
O medo é um sentimento comum e que ajuda o ser humano a se manter vivo. É por ter medo de um cão de grande porte, que a pessoa antes de brincar com ele pergunta para o tutor se o animal é manso ou não. Isso evita que o indivíduo se fira.
Também é por medo de ser atropelada, que a pessoa não corre na frente de um carro em movimento. Ela prefere esperar que ele passe antes de atravessar a rua. Em suma, o medo é um sentimento comum e que está presente no dia a dia.
Quem ativa ou grava situações que causam medo nas pessoas provavelmente são as amígdalas. Estudos sugerem que elas podem conseguir memorizar algumas informações sobre algo que consideram perigoso.
Um cheiro, uma imagem, um barulho, que está ligado ao que causou medo fica arquivado por essa estrutura. Depois, quando a pessoa se depara com o mesmo cheiro, barulho ou imagem as amígdalas avisam o organismo que algo não está bem e o medo é sentido.
O problema é que, por vezes, as amígdalas se enganam e acabam provocando uma reação muito maior do que a pessoa deveria ter. Quando isso acontece ocorre o que é chamado de fobia, ou seja, um medo desproporcional.
Por exemplo, no caso de fobia de barata, as amígdalas podem ter armazenado que a imagem do inseto é algo perigoso. Com isso, ela desencadeia, rapidamente, uma grande sensação de medo mesmo quando a pessoa só vê uma foto.
Como a fobia acontece?
Para entender como elas cometem esse engano, pense na situação onde uma pessoa que lutou em uma guerra em uma região do deserto. No meio da batalha, esse indivíduo viu uma bomba explodir e matar vários colegas.
Como o evento é intenso e traumático, as amígdalas gravam muitas informações sobre eles, pois compreendem que é muito importante. Com isso, elas ligam não apenas a explosão ou a presença de uma bomba a algo ruim.
Elas gravam cheiros, a cor e a textura da areia, o excesso de calor entre outras características do momento como se fosse algo muito perigoso. É por isso que, em casos assim, a pessoa fica com pavor de trovão, por exemplo. O evento da bomba levou a o barulho e o barulho foi registrado nas amídalas como se fosse algo muito perigoso. Assim, qualquer som mais intenso pode causar pânico.
Assim, a diferença entre medo e fobia de barata ou de outras coisas é a intensidade do sentimento e como ele é provocado. Enquanto uma pessoa com medo fica um pouco ansiosa ao ver o inseto, quem tem fobia ter um receio irracional e pode até ficar paralisada ao encontrar uma barata.
Isso acontece porque a reação das amígdalas é tão intensa que prejudica até que o indivíduo reaja como o esperado em situações de medo, ou seja, impede que a pessoa que tem fobia de barata fuja. Por saberem disso, os fóbicos tendem a evitar qualquer situação que possa provocar essa sensação ruim e de medo extremo.
Como surge a fobia de barata?
Primeiramente, é importante enfatizar que ninguém nasce fóbico. Geralmente, as pessoas adquirem a fobia em algum momento da vida, muitas vezes na infância. Isso pode acontecer de três formas:
1. Viver uma experiência fóbica
A primeira é passar pela experiência fóbica. Por exemplo, os colegas enroscam uma barata no cabelo da coleguinha e se divertem com o desespero dela para se livrar do inseto. Isso pode causar um trauma que vai acompanhar a pessoa na vida adulta.
2. Ver alguém vivendo uma experiência fóbica
A segunda maneira é ver alguém tendo a experiência fóbica. É muito comum a criança adquirir o medo de barata depois de ver a mãe gritando, em cima de uma cadeira, com medo de uma barata que está no chão.
3. Saber que alguém teve a fobia
E a terceira forma é o sujeito saber que alguém teve essa fobia, mesmo sem ter visto. Há muitas crianças que escutam parentes falando sobre o quanto baratas são nojentas e perigosas. Essa pessoa, provavelmente, vai adquirir a fobia mesmo sem ter uma experiência traumática com o inseto.
Agora que já sabemos as causas, abaixo há duas abordagens, uma envolvendo hipnose para tratamento de fobias e outra de PNL. Leia-as e aplique-as para o seu bem estar!
Técnica de Hipnose Clássica: Regressão a Causa
A primeira alternativa de técnica sobre como tratar a fobia de barata ou qualquer outra vem da hipnose clássica. É a regressão terapêutica.
Essa abordagem propõe um retorno à origem do problema. Enquanto o sujeito está hipnotizado, o hipnoterapeuta elicia a emoção relacionada com a fobia e pede que ele imagine a primeira vez em que sentiu aquela emoção.
Mas, para tratar a fobia de barata por meio da regressão, é importante que o sujeito esteja em um estado receptivo para absorver as sugestões.
O grande hipnotista Dave Elman diria que o estado ideal seria após a amnésia dos números obtida por meio da indução hipnótica criada por ele. Mas, não há uma resposta definitiva.
Em muitos casos, basta pedir para a pessoa imaginar uma barata e, automaticamente, ela se verá na situação, tendo uma reação emocional intensa. Esta será a ponte para o processo de regressão a causa.
Esse processo vai levar o sujeito às primeiras vezes em que a fobia aconteceu. E se houverem diversas situações envolvendo a emoção fóbica, todas as cenas deverão ser ressignificadas, iniciando pela primeira memória na linha temporal.
Como descobrir a emoção ativadora para tratar a fobia?
A emoção ativadora é a emoção que surgiu na primeira vez que a pessoa teve a fobia. E para descobrir qual foi a primeira vez em que a fobia aconteceu, o hipnoterapeuta faz a seguinte pergunta:
Esse sentimento é novo ou mais antigo?
Se a pessoa diz “É mais antigo”, o hipnoterapeuta fará com que ela regrida mais, até que ela diga que o sentimento é novo.
E quando ela disser que o sentimento é novo, vamos ainda fazer mais uma busca para confirmar. Porque muitas vezes ela acredita ser novo, mas não é. Por isso, na regressão à causa, busca-se sempre o sentimento primário.
Ao encontrá-lo, o hipnoterapeuta faz a ressignificação dando consciência do adulto para aquela cena. Isso acontece da seguinte forma:
Quando a criança ou jovem decodificou e guardou a memória da ocasião fóbica, tinha a mentalidade de uma criança, certo? A criança/adolescente tinha uma determinada experiência de vida até aquele momento e interpretou a situação de uma maneira específica.
Porém, presumimos que o adulto tenha mais maturidade emocional e consiga interpretar a situação de um modo diferente.
A pessoa adulta sabe que a fobia não faz sentido para ela. Ela olha para a barata e pensa: “Sei que não preciso reagir dessa forma. Esse inseto não representa um perigo real.”
Porém, inconscientemente, ele não consegue agir de forma racional. Existe uma programação anterior associada ao objeto fóbico, que foi gravada e decodificada no seu inconsciente.
Para exemplificar melhor, vamos considerar a teoria da mente. De que existe uma mente consciente e outra inconsciente.
Uma criança que adquiriu a fobia aos 9 anos de idade internalizou essa informação com a consciência que tinha na época. E isso foi guardado em sua mente inconsciente.
Hoje, mesmo tendo 41 anos de idade e sabendo que ter medo de barata não faz sentido, ainda sofre, pois não consegue alterar a programação da sua mente.
A ressignificação por meio da regressão a causa
Portanto, é exatamente aí que entra a regressão para o tratamento de fobia.
É fazer com que o adulto tenha a oportunidade de conversar com o seu “eu criança” e dar a ela uma mensagem do tipo:
Pedrinho/Mariazinha, eu passei por isso. Sei o que você está sentindo. Mas, esse sentimento não faz mais sentido, porque você já superou isso. Você é forte e corajoso. Eu estou aqui, vai ficar tudo bem.
Essa linguagem, sob hipnose, produz uma alteração da percepção inconsciente sobre a fobia. E quando isso acontece, existe uma ressignificação.
No entanto, pode ocorrer de, além desse primeiro momento, existirem ainda outros 5 momentos da vida do sujeito em que ele teve a reação fóbica. Seria necessário repetir o processo nesses outros momentos para concluir a abordagem de como tratar a fobia?
É provável que sim, porém pode ser que não seja preciso porque, muitas vezes, ao se fazer regressão, existe o efeito dominó: o primeiro ponto ressignificando derruba todos os outros pontos subsequentes.
Entretanto, a fobia de barata com regressão a causa talvez seja “matar uma formiga com tiro de espingarda”, pois é uma técnica mais utilizada para traumas mais complexos.
Se você quiser uma técnica de PNL ainda mais simples para ajudar a melhorar a sua qualidade de vida, ou de seus pacientes, vencendo uma fobia de barata ou qualquer outra, veja o próximo tópico!
Técnica de PNL: Swish
Usualmente, as pessoas mudam de duas formas:
- A primeira é através de uma mudança progressiva, que ocorre aos poucos no decorrer do tempo. O contexto em que a pessoa está inserida vai se modificando até o ponto em que ela é transformada.
- E a outra forma de uma pessoa ou sociedade mudar é através do impacto.
Por exemplo, o terremoto no Japão matou milhares de pessoas e deixou várias desabrigadas. O furacão Katrina afetou a vida de milhares de pessoas nos Estados Unidos.
Em situações como essas, muitas pessoas acabam reconsiderando seus valores e crenças. E não somos diferentes disso.
Mudamos aos poucos, através de repetições, ou por meio de situações impactantes. E a técnica que você vai conhecer agora é, na verdade, um conceito que tem a ver com a criação desse impacto.
Conhecida na Programação Neurolinguística como Swish, essa técnica é, no geral, aplicada pedindo ao sujeito para imaginar duas telas. Uma tela grande, que mostra o comportamento ou estado emocional inadequado, que a pessoa quer mudar. E outra tela menor, no canto, mostrando o comportamento ou estado emocional desejado.
Então, o terapeuta fala a palavra Swish para gerar um impacto e para a tela do comportamento desejado sobrepor à tela do comportamento indesejado.
Outra maneira de aplicar o Swish
Porém, essa maneira de fazer não é a única.
A essência do Swish é o sujeito estar com uma imagem do comportamento/estado indesejado em sua mente. O hipnotista ajudou a fazer uma mudança drástica e repentina dessa imagem.
- ex.: Imagine que o sujeito tem medo de baratas, mas ama gatos. É possível criar uma visualização em que a pessoa se imagina em um ambiente cheio de baratas, porém, quando essas baratas estão se aproximando, elas desaparecem e surgem gatinhos trazendo segurança e paz.
É possível, até mesmo, antes de aplicar o Swish, criar uma âncora de segurança que remete ao estado de autocontrole que a pessoa quer alcançar diante do objeto fóbico. Então, quando o Hipnoterapeuta sugerir a mudança de tela, o sujeito ativa a âncora junto, reforçando o efeito do Swish.
Também é importante lembrar que, o objetivo das técnicas explicadas neste artigo não é necessariamente tornar uma pessoa capaz de pegar insetos nas mãos. Mas, apenas ajudar a pessoa a ter segurança para reagir a cada situação de maneira adequada, sem perder o controle!
A hipnose também consegue alterar a fisiologia e provocar reações. Veja como isso acontece.