Testes de suscetibilidade: quais os problemas em utilizá-los?

Por que uma pessoa avança mais rápido em um tratamento com hipnose do que uma outra? O que há de diferente entre elas? Para tentar descobrir o nível de resposta às técnicas aplicadas, o hipnoterapeuta pode realizar os chamados de teste de suscetibilidade.

A intenção é fazer uma primeira abordagem, para que possa avaliar como a pessoa reagirá aos procedimentos posteriores.

Além disso, o teste de suscetibilidade oferece ao profissional a oportunidade de trabalhar a homoação, heteroação e acuidade mental. Isso também irá colaborar para aumentar o sucesso do tratamento, bem como a satisfação do cliente.

Conheça mais sobre o procedimento adotado no teste de suscetibilidade e descubra o que é susceptibilidade hipnótica. 

O que é suscetibilidade hipnótica?

A suscetibilidade hipnótica visa descobrir o quão receptiva uma pessoa é às técnicas de hipnoterapia, ou seja, com qual facilidade o cliente se permitirá hipnotizar pelo profissional. Para mensurar essa reação, há algumas escalas que podem ser usadas. 

Dentre as mais conhecidas estão a Escala de Suscetibilidade Hipnótica de Stanford e a Escala de Suscetibilidade Hipnótica do Grupo Harvard.

Embora a avaliação da facilidade em que o cliente tem de reagir a uma sugestão hipnótica seja feita por meio de algumas interações durante o atendimento, estudos tentam descobrir como o cérebro humano reage ao processo de sugestão. Um deles, que foi publicado em 1999, investigou como a hipnose e a aplicação de sugestões agia no cérebro, para alterar a percepção da dor, em indivíduos que foram avaliados como hipnotizáveis. Para isso, foram usadas as seguintes medidas: 

  • de tomografia por emissão de pósitrons (PET);
  • do fluxo sanguíneo cerebral regional (rCBF);
  • medidas eletroencefalográficas (EEG) da atividade elétrica cerebral. 

Durante os testes os participantes foram avaliados em

  • estado de repouso;
  • quando promoveram o relaxamento hipnótico por meio de auto-hipnose;
  • como reagiam ao relaxamento hipnótico com sugestões para desconforto alterado da dor (hipnose com sugestão).

Os resultados obtidos sugerem que quando a pessoa está em estado de hipnose ela ativa áreas específicas do cérebro. Isso possibilita que a pessoa tenha menor sensação de dor quando se encontra em estado hipnótico ou processando sugestões hipnóticas.

Dessa forma, foi comprovado que indivíduos suscetíveis à técnica usada sofrem ativação de áreas do cérebro, enquanto hipnotizados. Isso poderá contribuir para explicar como a hipnoterapia age no cérebro humano e como ela consegue obter resultados positivos.

O que são testes de suscetibilidade?

Embora os estudos citados mostrem que as pessoas sofrem ativação de áreas cerebrais específicas quando hipnotizadas, na prática, o hipnoterapeuta deverá avaliar isso durante a interação. E é isso que o teste de susceptibilidade permite. 

Por meio de técnicas específicas, o profissional consegue avaliar as respostas do cliente a atividades simples. Dessa forma, consegue compreender se aquela pessoa é mais ou menos suscetível. Além disso, pode identificar a quais técnicas ela tende a reagir de uma melhor forma. 

Por isso, comumente os testes de suscetibilidade hipnótica são usados no início de suas induções e visam identificar se a pessoa responde ou não a certas sugestões ou induções. Dessa forma, o profissional poderá definir um caminho de aceitação a ser seguido. Para isso, dentre os testes mais usados estão os de:

  • ilusão versus alucinação;
  • combinação de técnicas;
  • a força da sugestão.

Quais os benefícios em realizar testes de suscetibilidade? 

Quando os testes de suscetibilidade são feitos, o profissional consegue abordar três princípios. São eles:

  • Homoação: se você repete a mesma sugestão, a resposta à sugestão aumenta. Assim, cada vez que são feitos testes semelhantes, o poder da homoação é engrandecido e, consequentemente, multiplica o poder da hipnose;
  • Heteroação: se você dá sugestões diferentes para a pessoa na hipnose, cada sugestão que deu certo, mesmo que tenha sido diferente, faz com que as novas sugestões sejam melhor aproveitadas. Uma sugestão que foi aproveitada potencializa outras, mesmo que não não sejam parecidas;
  • Acuidade sensorial: o hipnoterapeuta precisa desenvolver a habilidade de identificar as mudanças do outro. Quando o teste é feito, a acuidade do profissional é aumentada, visto que ele pode perceber como a pessoa lida com cada processo. Assim, é possível identificar o que vai funcionar ou não com a pessoa hipnotizada. 

Mas, qual o problema dos testes de suscetibilidade?

Os testes servem não só para envolver o sujeito em um transe hipnótico, mas principalmente para entender como funciona a sua mente.

Por exemplo, a rotina dos dedos magnéticos tem elementos que são fisiológicos. Mas o que se pretende com ela é o feedback que se tem da pessoa. Em outras palavras, identificar se ela tem resistência à hipnose ou não. Você pode ver, com o separar dos dedos, se ela está se engajando aos poucos, ou se realmente está entrando em transe hipnótico. A questão é que existe a chance do elemento fisiológico se transformar em um transe!

Há ainda o exercício da memória muscular. Qual é o problema com esse exercício? O sujeito pressiona seu braço acreditando que será atraído, e o seu braço se levanta pelo elemento fisiológico. Qual resposta você obtém disso? Nenhuma! 

Você não tem nenhuma informação para saber se ele está suscetível ou não à hipnose. Então, utilize as rotinas sempre para identificar como a pessoa que será hipnotizada pensa, e não apenas como pre-talk. Esteja seguro de suas habilidades.

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