Rotineiramente, o terapeuta precisa lidar com pacientes que apresentam quadros de ansiedade ou vícios. Nesses dois casos e em diversos outros, é possível realizar o tratamento por meio do meta-padrão.
No geral, essa forma de trabalhar a dificuldade do cliente é baseada no Estado-Problema e no Estado de Recurso. Conheça mais sobre eles e veja como usar o meta-padrão pode ser incorporado à hipnose conversacional!
O meta-padrão e sua origem
O meta-padrão foi criado por John Overdurf, que é considerado uma das maiores autoridades no mundo em PNL e coaching. Desde 1979, ele atua em hospitais e centros de saúde mental dando orientações aos pacientes. Além disso, também oferece treinamentos em PNL, coaching, hipnose e faz trabalhos em empresas de diferentes setores.
Famoso por desenvolver diversos modelos e padrões terapêuticos, John é considerado o criador do meta-padrão. Ele percebeu que em todas as técnicas usadas em terapias havia um padrão e assim surgiu o modelo.
O meta-padrão pode ser usado de diversas formas, mas sempre vai envolver dois estados distintos:
- o Estado-Problema;
- e o Estado de Recurso.
Resumidamente, é possível dizer que o meta-padrão é um padrão que está por trás de todas as técnicas terapêuticas.
Diferenças entre Estado-Problema e Estado de Recurso
Para entender o Estado-Problema, imagine em uma pessoa que é viciada em bebida alcoólica. Quando ela relembra o vício e identifica o que a motivou a beber pela última vez, ela passa a ter sensações fisiológicas. O momento é transportado para o agora.
Assim, a pessoa muda a forma de falar, senta de maneira diferente, dentre outras alterações. Logo, ela volta para o que é chamado de Estado-Problema. O Estado-Problema surge como consequência de um gatilho.
Do outro lado, há um estado de recurso. Para entender, imagine que você tem medo de barata. Sempre que você pensa ou vê uma barata, o coração pode bater mais forte e as mãos podem começar a suar. Esse é o Estado-Problema. Já o Estado de Recursos é o que você gostaria que fosse. É como você gostaria de se sentir quando avistasse um rato.
Contudo, vale lembrar que a forma como a pessoa gostaria de se sentir tem que vir dela e não do terapeuta. Afinal, cada um gostaria de se sentir de uma forma ao ver um rato. Assim, o Estado de Recurso deve vir sempre do cliente.
Dessa forma, as técnicas para chegar à identificação do Estado-Problema e do Estado de Recursos são definidas em quatro etapas:
- associar ao Estado-Problema;
- dissociar;
- associar ao Estado de Recursos;
- colapso.
Quatro passos do meta-padrão
Passo nº 1
Na rotina, há quatro passos que o hipnólogo pode fazer uso para aplicar o meta-padrão no tratamento. O primeiro deles é entender o Estado-Problema que ele traz.
Há casos nos quais o cliente já apresenta o Estado-Problema e diz o que quer resolver. Em outros, o hipnoterapeuta terá que descobri-lo, por meio do diálogo. É preciso fazer perguntas simples para possibilitar que a pessoa fale sobre o Estado-Problema.
Além disso, é importante encontrar o gatilho. Isso faz com que o cliente apresente a emoção tida no Estado-Problema, por exemplo. Por outro lado, o profissional não pode sugerir causas da reação a ser desencadeada. Como já dissemos, o cliente é quem vai revelar.
Passo nº 2
O segundo passo é alterar a fisiologia do cliente quando ele entra no Estado-Problema. Vamos supor que, ao falar sobre o Estado-Problema, você note que o cliente se encolhe. É preciso ajudá-lo a mudar isso. Assim, peça para que ele caminhe pela sala ou se levante. A mudança de postura vai ajudar a afastar o cliente do seu Estado-Problema.
Passo nº 3
Depois de afastado do Estado-Problema, é hora de associar o cliente ao Estado de Recursos, no passo três. Por isso, pergunte qual a mudança que ele deseja.
Desse modo, se ele tem medo de barata e entra em um quadro de ansiedade, pergunte qual a mudança ele quer. É provável que você pense que ele quer perder o medo. Contudo, na verdade, ele pode estar apenas tentando aprender a conviver com o medo.
Após saber o que o cliente quer, é necessário aumentar o Estado de Recursos. Isso deve ser feito de modo que, ao aparecer junto ao Estado-Problema, ele seja maior.
Passo nº 4
Por fim, o passo quatro é o de colapso. Quando a pessoa estiver em um forte Estado de Recurso, traga o gatilho.
Dificuldades na aplicação do meta-padrão
Provavelmente, o terapeuta encontrará algumas dificuldades na rotina. Uma delas é quando o cliente tenta fugir do Estado-Problema. Ele conta, por exemplo, que quando vê um rato começa a pensar em outra coisas ou olhar para outro local.
Nesse caso, será necessário fazer com que o cliente seja conduzido no momento em que entra no Estado-Problema. Você pode, por exemplo, sugerir que ele feche os olhos e imagine o momento no qual encontra um rato. Assim, vai evitar a fuga. Por isso, para aplicar o meta-padrão com sucesso, é necessário trazer a pessoa para o Estado-Problema.
Do mesmo modo, há casos em que as pessoas generalizam o problema a partir do momento que o conta. Por exemplo, quando dizem que têm medo de barata o dia inteiro. Esse é mais um caso de fuga. Dessa forma, é preciso identificar quando o cliente faz isso e trazê-lo para o Estado-Problema. Você pode, por exemplo, pedir que ela relate o momento no qual encontrou um rato. Isso a levará para o Estado-Problema.
Para compreender um pouco mais sobre meta-padrão, aprofunde seus conhecimentos sobre a PNL e os níveis de mudança.
Este artigo é baseado em uma aula ministrada ao vivo pelo hipnoterapeuta e espeta em hipnose conversacional Cayro Léda para os alunos dos cursos online do professor Alberto Dell’isola.
Bônus: veja o vídeo do professor Alberto Dell’isola sobre o meta-modelo: