Como melhorar a anamnese usando o Metamodelo da PNL

A PNL, Programação Neurolinguística, simboliza a relação entre o cérebro, a linguagem e o corpo. Essa é uma ferramenta muito conhecida na terapia, especialmente a hipnose. Neste artigo, irei mostrar como eu percebi que a utilização da técnica de Metamodelo da PNL torna o processo terapêutico muito mais rápido e efetivo.

Antes, é bom relembrar o conceito da PNL. Em síntese, PNL é a prática de entender como as pessoas organizam seus pensamentos, sentimentos, linguagens e comportamentos para chegar aos resultados que chegam.

É uma escola de pensamento pragmática que aborda os muitos níveis envolvidos no ser humano. Assim, engloba todo o processo multidimensional que envolve o desenvolvimento de competência e flexibilidade comportamental. Além disso, envolve o pensamento estratégico e a compreensão dos processos mentais e cognitivos por trás do comportamento.

O que é anamnese?

Outro conceito importante de entendermos é o da anamnese. O dicionário considera as seguintes explicações para o termo:

1. lembrança pouco precisa; reminiscência, recordação.
2. FILOSOFIA – na filosofia platônica, rememoração gradativa através da qual o filósofo redescobre dentro de si as verdades essenciais e latentes que remontam a um tempo anterior ao de sua existência empírica.
3. LITURGIA – na missa, oração que se diz após a elevação e que celebra a paixão, a ressurreição e a ascensão do Redentor.
4. MEDICINA – histórico que vai desde os sintomas iniciais até o momento da observação clínica, realizado com base nas lembranças do paciente.
5. RETÓRICA (ORATÓRIA) – simulação do orador que parece lembrar-se de coisas que teria esquecido, chamando, assim, atenção sobre elas.

O objetivo inicial da anamnese

Comumente, a anamnese é feita por escrito. Percebi que isso fazia com que o cliente anotasse aquilo que ele chamava de queixa com pouquíssimos detalhes, naturalmente.

Logo, removi a maioria das perguntas que se referem a terapia em si. Dessa forma, a anamnese por escrita virou uma ficha de cadastro contendo:

  • identificação da queixa principal;
  • contrato das responsabilidades do cliente e terapeuta;
  • identificações médicas necessárias (como pressão arterial e outros quesitos de segurança).

Assim, o objetivo era “expulsar” emoções, ou seja, tirar o cliente de seu estado de inércia natural e levá-lo a um estado emocional relacionado à queixa.  Assim, ele era provocado de maneira o qual mantivesse o Rapport estabelecido. Nesse sentido, o processo terapêutico ganha eficiência quando as emoções relacionadas as queixas estão presentes.

Logo, passei a fazer a anamnese das emoções de maneira mais completa. Usei o Metamodelo da PNL e anotei tudo aquilo que me fizesse perceber relevância para utilizar quando necessário.

GOD: generaliza, omite e distorce

A técnica de Metamodelo da PNL busca trazer temas da superfície para sua profundidade mais explícita.

Considerando-se que a mente Generaliza, Omite e Distorce sentimentos, vou chamar esse conjunto de ações de G.O.D. São alguns dos mecanismos utilizados para o cliente possa se defender economizando energia e poupando o corpo de sentir os sentimentos daquilo que está mais aprofundado, inconsciente. Para se manter na superfície, a mente faz G.O.D.

Para lidar com G.O.D, existem basicamente 4 perguntas que fazem a mente perceber e encontrar as respostas corretas. No entanto, elas precisam ser feitas nos momentos certos. Estas perguntas podem ter suas variações. São elas:

  • como?;
  • quem?;
  • quando?;
  • onde?.

O Metamodelo da PNL nos fornece (como coaches, chefes, terapeutas, familiares, amigos…) um conjunto de perguntas para auxiliar a pessoa que estamos ajudando (cliente). Dessa forma, ele consegue se mover da estrutura de superfície da sua comunicação para a compreensão de sua estrutura profunda – crenças inconscientes, valores e decisões. Isso não é apenas encontrar as respostas certas, mas ter uma melhor compreensão do modelo de mundo do seu cliente.

Situações encontradas e soluções propostas

Generalizações

Quantificadores universais

São situações que podem ter ocorrido uma, duas ou três vezes e a pessoa generaliza como se ocorresse sempre ou nunca. Os quantificadores universais são normalmente palavras como: tudo, cada, nunca, sempre, somente, todos, ninguém, etc.

Exemplo: “Meu chefe nunca me dá crédito para o que eu faço”.

Pergunta(s) para recuperar as informações omitidas: nós podemos exagerar a generalização ou usar um contraexemplo. “Nunca?” ou “Já houve um tempo em que o seu chefe lhe deu crédito?”.

Operadores modais de necessidade ou possibilidade

Os operadores modais de necessidade incluem palavras como deveria, não deveria, deve, não deve, tem que, precisa, é necessário.

Operadores modais de possibilidade incluem palavras como pode/não pode, irá/não irá, pode/não pode, possível/impossível. Estabelecem limites impostos por uma regra não implícita.

Exemplo: “Eu não posso fazer isso agora”.

Pergunta(s) para recuperar as informações omitidas: a chave é desafiar a limitação. “O que aconteceria se você tivesse feito?” ou “O que o impede?”.

Omissões

Omissão simples

Quando alguma coisa é omitida.

Exemplo: “Eu estou furioso”.

Pergunta(s) para recuperar a informação omitida: “Com o que?”.

Índice de referência não especificado

A pessoa ou o objeto ao qual a afirmação se refere não está especificado ou não está claro.

Exemplo: “Eles rejeitaram a minha proposta de negócio”, ou “Eles a rejeitaram”.

Pergunta(s) para recuperar as informações omitidas: “Quem?” ou “O que?”.

Omissões comparativas

A comparação é feita e não está claro o que está sendo comparado. A sentença conterá palavras tais como: bom, mau, melhor, muito melhor, pior, mais, menos, a maioria, pelo menos.

Exemplo: “Essa abordagem é a melhor”.

Pergunta(s) para recuperar as informações omitidas: “Comparado com o que ou para quem?”.

Verbo não especificado

Nesse caso não está claro como algo foi feito.

Exemplo: “Eles rejeitaram a minha proposta de negócio”. Eu usei o exemplo do índice de referência não especificado para ilustrar que, às vezes, existem várias coisas que foram omitidas, distorcidas ou generalizadas e cabe a você decidir qual linha de questionamento irá recuperar mais informações.

Pergunta(s) para recuperar as informações omitidas: “Como especificamente?”.

Distorções

Leitura da mente

Nesse caso, quem está falando afirma saber o que outra pessoa está pensando ou sentindo.

Exemplo: “Meu chefe não está satisfeito com o meu trabalho”.

Pergunta(s) para recuperar as informações omitidas: para esse padrão, nós simplesmente perguntamos como você sabe. “Como você sabe especificamente que o seu patrão não está satisfeito com o seu trabalho?”.

Execução perdida

Julgamentos sobre valores foram feitos e não está claro quem fez o julgamento.

Exemplo: “Esse é o caminho certo para ser promovido nessa empresa”.

Pergunta(s) para recuperar as informações omitidas: “De acordo com quem?” ou “Como você sabe que esse é o caminho certo?”.

Causa – Efeito

O orador estabelece uma relação de causa-efeito entre dois eventos ou ações. Construções comuns incluem: se, então, porque, faz, obriga, causa.

Exemplo: “Quando você olha para mim desse jeito, eu me sinto sem importância”.

Pergunta(s) para recuperar as informações omitidas: “Como é que a maneira que eu olho para você faz com que você decida se sentir sem importância”. Da mesma forma, você também poderia usar um contraexemplo.

Equivalência complexa

Nessa situação, duas experiências são interpretadas como se tivessem o mesmo significado. Aqui, essas duas experiências podem ser unidas por palavras tais como: por essa razão, o que significa, o que se conclui.

Exemplo: “Meu chefe entrou no seu escritório sem dizer ‘bom dia’, portanto, ele não está satisfeito com o meu trabalho”.

Pergunta(s) para recuperar as informações omitidas: “Como não dizer ‘bom dia’ significa que o seu chefe não está satisfeito com o seu trabalho?” ou “Você nunca se sentiu pressionado pela família ou pelos negócios e se esqueceu de dizer ‘bom dia’ para os seus colegas de trabalho?”.

Pressuposições

Neste quesito, alguma parte da frase pressupõe ou deduz a existência (ou não) de alguma coisa (pessoa, etc), embora não esteja explicitamente declarada.

Exemplo: “Quando é que você vai demonstrar liderança para a sua equipe?”. Essa frase pressupõe que você não demonstra liderança. Se você tentar responder a essa questão diretamente, estará cavando um buraco ainda mais fundo para si mesmo.

Pergunta(s) para recuperar as informações omitidas: “O que o leva a acreditar que eu não demonstro liderança?” ou “Como é que eu não demonstro liderança?”.

Evite perguntar ‘por que’

Nenhuma das perguntas no Metamodelo da PNL tem ‘por que’. Muitas vezes, quando você pergunta ‘por que’ para alguém, ele sente que tem que defender o que disse ou o que fez, dar desculpas ou racionalizar o comportamento dele.

Por outro lado, se você expressar a pergunta como um “como”, você entende melhor o processo utilizado pelo seu cliente e, assim, obtém mais informação e compreensão. Pode-se usar também algo como “O que te motivou a fazer isso?” ao invés do “Por que você fez isso?”.

Neste esquema você pode compreender melhor a estrutura do Metamodelo da PNL:

Identificação de sentimentos

Mas Molina, em qual momento chegamos na emoção?

É nesta hora onde o terapeuta precisa perceber o momento em que as G.O.D foram quebradas e perguntar:

  • “E o que você sente sobre isso?”, ou
  • “Qual sentimento está presente neste momento sobre isso?”, ou
  • “Como você se sentiu naquela época e você ainda sente isso hoje em dia?”.

Veja, o objetivo nesta hora é identificar o sentimento relacionado à história contada que, pela provocação do Metamodelo, acabou por eliciar essa emoção.

Uma vez que a emoção tenha sido identificada e/ou até mesmo sentida, aplica-se a técnica terapêutica que melhor couber. Isso, por mais que o cliente não tenha a facilidade de nominá-la naquele momento,

O Metamodelo da PNL em si já é um método terapêutico bastante eficiente. Ele pode fazer com que a mente do cliente perceba o quanto ela estava prejudicando por G.O.D situações, cenas e sentimentos por tanto tempo.

No começo, o Metamodelo parece confuso e pouco prático. No entanto, basta utilizá-lo no seu dia a dia, praticando sempre que possível, para que esteja com o ouvido afinado.

Quer aprender outras práticas de PNL? Para isso, conheça a técnica para cura rápida de fobia baseada no conceito das submodalidades, desenvolvido pela PNL.

Fontes:
Experiência de vivência pessoal aplicada diariamente e compartilhada da mesma ação pelos alunos formados pela HipnoBrasil no qual revelam a percepção da efetividade da técnica.

  • Apostila de PNL Terapêutica da HipnoBrasil
  • PNL For Dummies de Kate Burton e Romilla Ready
  • A estrutura da Magia de Richard Bandler e John Grinder