Nem sempre um paciente está pronto para aceitar um tratamento. Seja por ele ser mais agressivo, como quando há a necessidade da realização de radioterapia, quimioterapia ou procedimento cirúrgico, por exemplo. Pode ocorrer, inclusive, pelo fato da pessoa não acreditar na doença.
Embora, quase sempre, a decisão do paciente deva ser totalmente respeitada, em casos em que o não tratamento coloque em risco a segurança de outros, isso pode ser contestado.
Além disso, sempre que possível, o profissional da saúde tenta convencer o paciente a aceitar algum tipo de tratamento. Afinal, existem tratamentos paliativos que podem amenizar o sofrimento e prolongar a vida, em alguns casos.
Saiba mais sobre a possibilidade de não aceitar o tratamento e veja como a hipnose pode ajudar nesse processo.
Recusa terapêutica no contexto da Covid-19
Em alguns casos, o fato de alguém não aceitar o tratamento ou as recomendações médicas coloca em risco a saúde dos demais. É o que acontece, por exemplo, com a Covid-19. O indivíduo pode recusar a medicação, mas se não fizer o isolamento, irá transmitir para outros e pode até infectar alguém.
Com isso, em muitas situações, quando a pessoa opta por não aceitar um tratamento de uma doença contagiosa, pode haver um embate entre as ordens ética e jurídica. Primeiramente, é preciso deixar claro que a autonomia é um direito constitucional. Sendo assim, aceitar um tratamento ou não depende do paciente ou do seu responsável legal.
“Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica”, garante o artigo 15 do Código Civil Brasileiro.
Ao mesmo tempo, o código de ética médica lembra que a decisão de se tratar ou não é do paciente. No entanto, ele também indica que quando o fato de uma pessoa não aceitar um tratamento colocar em risco a saúde de terceiros, o médico não deve aceitar a recusa.
Além disso, o Art. 268, do Código Penal diz que é crime recusar o tratamento de doença infectocontagiosa com tratamento cientificamente comprovado. Sendo assim, alguns juristas entendem que a autonomia do paciente diagnosticado com doença infectocontagiosa poderia ser mitigada com base no interesse coletivo. Nesse caso, seria aceito o tratamento compulsório, ou seja, obrigatório.
Autonomia decisória no caso da Covid-19
No entanto, isso não pode ser usado na Covid-19, visto que não há um tratamento eficaz que seja cientificamente comprovado. Dessa forma, prevalece a autonomia decisória do doente.
Em suma, o doente com Covid-19 pode se recusar a receber qualquer medicamento, até que um deles seja cientificamente comprovado.
No entanto, como é uma doença infectocontagiosa, o doente não pode infringir medidas não farmacológicas. Assim, a pessoa pode se recusar a tomar remédio, mas é obrigada:
- a manter o isolamento domiciliar;
- a usar máscara;
- a se submeter a outras condutas não farmacológicas, ou seja, prevalece a saúde coletiva.
Bloqueios da mente e ressignificação
A decisão de não aceitar um tratamento pode ser consequência de bloqueios da mente, ou seja, de ações de defesa que o cérebro, por um motivo qualquer, armazenou e agora tenta usar. A ideia é sempre a de evitar sofrimento.
Resumidamente, algo aconteceu e fez com que o cérebro gravasse que esse tratamento não seria bom. Isso pode ser consequência de um trauma resultante de uma experiência vivida. No entanto, também pode ser resultado de ter visto alguém passar por um procedimento semelhante, sem sucesso.
Seja qual for a origem, quando a pessoa pensa em aceitar um tratamento e o cérebro dela liga o procedimento a algo ruim, ocorre o que é chamado de bloqueio da mente. Ela simplesmente recusa, de forma instintiva.
Quando isso acontece, é possível tratar por meio da ressignificação do trauma. Para isso, pode ser realizada a hipnoterapia que consistirá primeiro em identificar a origem do bloqueio, depois em ressignificar essa passagem da vida. Isso ajudará a pessoa a conseguir aceitar um tratamento.
Hipnoterapia para aceitar um tratamento
A hipnoterapia poderá encontrar o motivo de a pessoa não querer aceitar um tratamento. Uma vez que o trauma é localizado, por meio das técnicas de hipnose, será possível ressignificá-lo.
Além disso, a hipnose pode ajudar a pessoa a acreditar que ela é capaz de suportar o tratamento e vencer a doença. Isso é possível pelo fato de que a hipnose promove o autoconhecimento e ajuda a melhorar a autoestima.
A hipnoterapia também ajuda o paciente a controlar o estresse e se sentir mais relaxado durante o procedimento. Consequentemente, aumenta as chances do indivíduo aceitar um tratamento. Nesse processo, é possível que o hipnoterapeuta realize a dessensibilização sistemática. Descubra o que é isso.