Como um terapeuta pode identificar um relacionamento tóxico

Um relacionamento tóxico, em muitos casos, é difícil de ser identificado por quem vive o problema. Bem como, para quem lida com pacientes dos mais diferentes perfis, muitas vezes é difícil identificar quando a situação retratada se trata de um relacionamento abusivo.

Primeiramente, para ser considerado um relacionamento abusivo, a pessoa não precisa necessariamente vivenciar brigas constantes ou violência física. Muitas vezes, são situações aparentemente simples que mostram os primeiros sinais de que a relação não está bem. 

Nesse sentido, muitas das vítimas deste tipo de relacionamento não conseguem perceber o que estão passando, nem seus terapeutas.

Por isso, vamos mostrar neste artigo alguns sinais que ajudam a identificar um relacionamento tóxico e como um terapeuta pode ajudar nesse sentido. Continue lendo e confira!

O que é um relacionamento tóxico?

Antes de mais nada, vamos entender o que é esse relacionamento tóxico, e por que é difícil identificá-lo.

Um relacionamento tóxico tem como o fator psicológico como principal vertente, já que muitas vezes não existe violência física. Nesse contexto, a violência verbal e psicológica pode acontecer o tempo todo, em muitos casos, disfarçada de atitudes cotidianas em uma união. 

Logo, esse é um dos motivos para que seja difícil um paciente identificar um relacionamento abusivo sozinho. Para quem está de fora, as vezes é mais fácil identificar este tipo de relação. 

O namorado ou marido, muitas vezes, é uma pessoa insegura que tem medo de perder a parceira e por isso usa meios de controlar o outro. 

Nesse sentido, é importante lembrar que o comportamento abusivo pode acontecer entre pacientes de ambos os sexos e todos os gêneros.

Em geral, essa relação é pautada no ciúmes excessivo, manipulação, chantagens emocionais e outras maneiras de querer controlar o parceiro (a). Em alguns casos, pode-se chegar ao extremo de proibir o convívio até com pessoas da família. 

Entretanto, ao mesmo tempo que o agressor pode manipular seu parceiro (a), também pode usar jogos emocionais para conseguir o que quer, como dizer estar arrependido e pedir perdão. Bem como, prometer mudar suas atitudes, o que até pode acontecer por um tempo, mas logo retorna ao ponto de origem. 

Identificar uma relação abusiva não é fácil, tanto que, mesmo com auxílio de um profissional da saúde, os sinais podem não ser claros

Do mesmo modo, a ajuda de um terapeuta é importante, pois ele consegue guiar o paciente para a consciência sobre seu relacionamento. 

Vamos entender melhor o papel do psicólogo nesse processo de identificação do relacionamento tóxico a seguir.

Como identificar um relacionamento tóxico?

No primeiro momento, o parceiro (a) parece perfeito (a), sempre agradando a todos, se enturmando entre os amigos e a família. Com o decorrer do tempo de relacionamento é que os sinais vão surgindo. 

Um relacionamento tóxico pode ser identificado em meses ou anos de namoro/casamento, por isso, não existe um prazo. Para quem busca ajuda profissional para entender os problemas de relacionamento, o papel do psicólogo é interpretar os sinais

O Brasil é o 5º no ranking de feminicídio de acordo com a ONU, sendo que a cada 5 mulheres, 3 estão em um relacionamento abusivo, e muitas não sabem. 

Abaixo, reunimos alguns dos principais sinais de que uma relação é abusiva. Eles ajudam o profissional a identificar se seus pacientes apresentam um ou mais deles. 

Demonstrar ciúmes exagerado

Sentir ciúmes não é necessariamente um sinônimo de amor. Quando o (a) parceiro (a) passa dos limites e deixando o (a) outro (a) constrangido (a) – e até com medo ou receio de conviver com outras pessoas – é um sinal vermelho. 

Menosprezar conquistas 

Todo mundo busca um (a) parceiro (a) para compartilhar sonhos, anseios e conquistas. Quando imerso em um relacionamento abusivo, o (a) agressor (a) geralmente não liga para as realizações do (a) parceiro (a) . Mais do que isso, chega a menosprezar e diminuir aquilo que foi conquistado. 

Causar ansiedade

Só de pensar no (a) parceiro (a), ou pela possibilidade de encontrá-lo (a), surge uma ansiedade em torno das reações dele (a)? Se sim, certamente esse é um sinal de que esse não é um relacionamento saudável

Outras atitudes de um (a) parceiro (a) tóxico (a) podem ser ainda:

  • insultar e culpar o (a) companheiro (a) por qualquer coisa;
  • chamar de louca (o) e querer que a (o) parceira (o) acredite que está mesmo;
  • proibir uso de certas roupas, maquiagem e outros itens pessoais;
  • controlar as redes sociais, o que posta, com quem conversa;
  • demonstrar temperamento explosivo e agressivo, entre outras.

Como se libertar deste relacionamento?

Logo depois que o paciente identifica que está vivendo um relacionamento tóxico, vem a parte mais dura: se libertar. Para quem vive um relacionamento assim, nem pense que essa é uma tarefa fácil. Em muitos casos, não se consegue sair dessa relação sozinha (o).  

É nesse momento que o terapeuta tem maior atuação. Seu papel é ajudar o paciente a  entender questões emocionais antes de se libertar dessa relação.

O psicólogo pode ajudar a vítima a entender o seu valor e fortalecer a autoestima trabalhando o amor-próprio. Isso porque, muitas vezes, ao viver um relacionamento abusivo, a autoestima da vítima é fragilizada. Ainda mais, só quem vive, ou viveu, sabe o quanto é trabalhoso recuperá-la. 

Durante o tratamento podem ser utilizados diversas técnicas para ajudar uma vítima, como por exemplo a psicologia positiva. Por meio de afirmações positivas, a pessoa pode mudar seus pensamentos e reconhecer o seu verdadeiro valor. 

A hipnose nesse contexto

Nesse contexto, alguns terapeutas podem sugerir ainda a prática da hipnose, uma técnica reconhecida e que possui muitas vantagens na medicina. Durante as sessões de hipnoterapia, o paciente busca em seu subconsciente o porquê de não conseguir sair desse relacionamento.

Cada pessoa se adapta melhor a um tipo tratamento, mas o mais importante é se libertar do relacionamento abusivo e recuperar a autoestima.

A busca por ajuda é importante para identificar se realmente é um relacionamento abusivo ou apenas conflitos normais de casais. Existe uma grande diferença entre os dois. Os problemas rotineiros podem ser solucionados de maneiras diferentes, inclusive com terapia de casal.  

Se ao ler este artigo, você identificou que seu relacionamento pode não se enquadrar como abusivo, te sugiro uma outra leitura. Neste outro artigo do blog, falamos sobre uso da hipnose para ajudar nos problemas de relacionamento. Dê uma olhada e até a próxima!

Este artigo é baseado em uma aula ministrada ao vivo pelo psicólogo Luis Wigderowitz para os alunos dos cursos online do professor Alberto Dell’isola.