Alguns problemas podem marcar a pessoa ao longo de toda a vida. É o que acontece com vítimas de abuso, como o de cunho sexual, que mesmo passando por um tratamento, muitas vezes, carregam o trauma por toda a sua vida.
Esse tipo de situação acaba influenciando a vítima tanto na vida social quanto profissional. É por isso que as pessoas que são vítimas de abuso precisam de atendimento, não apenas médico, mas também mental. O tratamento pode ser feito por meio de terapia, bem como, associada à hipnose.
Por isso, o hipnoterapeuta precisa estar preparado para atender a pessoas que foram vítimas dessa violência. Será preciso estar preparado não apenas para tratar, mas também para acolher. Se você é um hipnoterapeuta ou simplesmente tem curiosidade de entender a abordagem mais adequada, siga a leitura para descobrir!
O que é considerado abuso sexual?
O termo “abuso sexual” é usado de maneira muito ampla e refere-se a atos de violação sexual realizados sem o consentimento de uma das partes. Dessa forma, são considerados abusos, por exemplo:
- tentativa de estupro;
- toques indesejados;
- sexo oral forçado.
Embora o Código Penal, por meio da Lei 12.015/2009, protege as vítimas, muitos casos não chegam a ser denunciados. Mulheres e crianças são as principais vítimas de abusos e, muitas vezes, eles acontecem dentro do ambiente familiar.
Como realizar um acolhimento correto?
Acolhimento é a palavra certa para quem precisa lidar ou mesmo atender as vítimas de abuso. A pessoa em situação de violência deve ser recebida de forma especial e com cuidado. Isso é válido tanto em situações em que o abuso for recente, quanto para casos nos quais ele aconteceu há muitos anos, mas a vítima carrega as sequelas emocionais.
Dessa forma, o profissional que trabalha com esse tipo de paciente deve estar preparado para atuar com:
- ética;
- privacidade;
- confidencialidade;
- sigilo.
O ambiente deve ser reservado e proporcionar conforto à vítima. Ela precisa se sentir segura e amparada, para que possa falar sobre o ocorrido. Isso só acontecerá se o profissional estiver pronto para atender às vítimas de abuso sem julgamento. Não cabe aos profissionais opinar sobre o ocorrido ou fazer perguntas curiosas. É preciso estar preparado, sobretudo, para ouvir.
Além disso, há casos nos quais as vítimas são crianças. Caso o hipnoterapeuta seja o primeiro a realizar um atendimento à vítima, é importante orientar algum responsável legal a procurar atendimento médico e as autoridades policiais.
O Disque 100 é um programa de Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos que recebe denúncias diversas. Em 2018, foram recebidas 13.400 ligações de violência sexual contra crianças e adolescentes.
Esse número ficou maior em 2019, quando foram 15.333 denúncias, ou seja, um aumento de 15%. Com esses números, é possível ver que há uma denúncia a cada 34 minutos, envolvendo o abuso sexual de crianças e adolescentes.
Como utilizar a hipnose como apoio para acolher vítimas de abuso?
Embora os números acima já sejam assustadores, estima-se que muitos casos de abusos não chegam a ser relatados. Isso sem contar as vítimas de abusos adultas, que diariamente sofrem a violência.
Sejam essas pessoas adultas ou crianças, elas vão precisar de apoio e tratamento emocional. A hipnose pode ser usada como um complemento especialmente na superação de traumas.
Afinal, é frequente que a pessoa que sofreu a violência carregue consigo não apenas os momentos ruins, mas também um sentimento de culpa. Com as sessões de hipnose, é possível ajudar a pessoa a compreender que o único culpado é o violentador.
Além disso, é possível ressignificar o ocorrido, para que o trauma não cause tanta dor. Por meio da hipnoterapia, a vítima pode aprender a direcionar a mente para algo mais positivo e a trabalhar as emoções.
Quando os abusos foram sofridos há muitos anos, por exemplo, o hipnoterapeuta poderá realizar a regressão, de forma a ressignificar os sentimentos negativos. Embora ela não vá esquecer o que ocorreu, as sensações traumáticas de um abuso podem parar de ser sentidas. Além disso, a hipnose também pode trabalhar algumas consequências do abuso, como:
- baixa autoestima;
- problemas com a autoconfiança;
- depressão;
- insônia recorrente;
- culpas e alterações comportamentais.
Algo semelhante pode ser trabalhado com vítimas de estupro, que também carregam o sofrimento da violência sofrida. Veja como a hipnose é trabalhada nesses casos.