Memórias falsas: porque lembramos de coisas que não aconteceram?

É possível que uma pessoa consiga se lembrar de coisas que viveu na infância, mas também é possível que ela se recorde de algo que nunca viveu. Esse é um processo que pode ser chamado de memórias falsas. O problema é que a pessoa não consegue separar o que é real ou não. A memória falsa fica gravada, como se fosse algo que tivesse ocorrido. 

É importante compreender que há uma grande diferença entre mentir e ter uma memória falsa. O mentiroso tem a consciência de que o que está dizendo não é real. Já quem possui memória falsa não tem essa mesma distinção. 

Conheça mais sobre memórias falsas e possíveis causas! 

Por que a memória falsa acontece? 

Na verdade, não há uma causa única que tenha sido determinada e justifique a formação de memórias falsas. Alguns pesquisadores sugerem que elas podem estar ligadas a danos no lobo frontal do cérebro. Isso prejudicaria o cérebro na hora de averiguar as informações e, consequentemente, não conseguiria identificar realidade de suas memórias.

Contudo, há outros mecanismos cerebrais que podem estar ligados a memórias falsas. Conheça alguns deles! 

Vieses de memória

Vieses de memória são fatores que fazem com que uma pessoa se recorde ou não de alguma coisa. Alguns deles podem colaborar que para que a lembrança seja real ou se torne uma memória falsa.

Um deles é o humor. Um momento engraçado é mais fácil de ser guardado e isso se dá pelo fato da lembrança estar ligada a uma resposta emocional. Há também o nivelamento, que faz com que parte do ocorrido seja esquecido e a outra parte ganhe uma ênfase que na verdade não teve. Isso faz com que esses detalhes se tornem tão significativos que podem resultar em uma memória falsa. 

Outro dos vieses interessantes é a positividade. Embora a ciência ainda não consiga explicar, já foi constatado que pessoas mais velhas tendem a guardar apenas as partes da memória que são positivas e se esquecem do restante.  Isso também pode colaborar para as memórias falsas. 

Exposição repetida

Quando uma pessoa é exposta a informações iguais, várias vezes, tende a criar falsas lembranças sobre as informações recebidas. Sabe quando falam que uma mentira dita várias vezes acaba se tornando verdade? É mais ou menos isso que acontece. 

Um estudo feito pela Kent State University mostrou um vídeo, sobre um assalto, a um grupo de pessoas. Depois disso, foram feitas diversas perguntas com informações erradas dentro delas, de forma repetida. As perguntas davam sugestões equivocadas sobre o vídeo. 

Com a repetição, os participantes passaram a dar informações sobre o roubo que não estavam disponibilizadas no vídeo. Contudo, quando foram questionados sobre como sabiam das informações, a maioria dos voluntários respondeu que elas haviam sido disponibilizadas no vídeo. Na verdade, essas informações foram sugeridas, repetidamente, nas perguntas e nunca ditas no vídeo.

Com isso, os pesquisadores concluíram que quando a informação é repetida de forma incansável, o cérebro pode entender como real. Dessa forma, as memórias falsas podem ser criadas. 

Filtros e experiências emocionais

Quando três pessoas presenciam um acidente e vão contar o que viram para a polícia, é comum que cada uma delas diga uma coisa. Enquanto uma relata que o carro preto bateu no vermelho que capotou na sequência, a outra diz que o motorista do carro perdeu o controle e capotou três vezes. Já a terceira garante que o carro vermelho foi desviar de um buraco quando se perdeu e capotou. 

Nenhuma das três testemunhas está mentindo. Cada uma delas gravou o ocorrido de uma forma e acredita nas memórias falsas criadas. Isso acontece porque na hora de gravar uma situação de trauma, inconscientemente o cérebro reúne experiências emocionais

Enquanto uma se preocupa com os buracos da estrada e voltou a sua atenção para isso, a outra só ficou atenta ao capotamento e a outra na estrada. Crenças, valores e experiências anteriores dão o norte para o que é gravado pela memória. 

Hipnose x falsas memórias

A hipnose pode potencializar o surgimento de memórias falsas, como já falamos anteriormente. Por isso, é preciso ter muito cuidado ao realizar a regressão em uma sessão de hipnose

A criação de falsas memórias acontece quando durante o processo de regressão é feita a alteração de memória. Por exemplo, ao fazer a regressão, o terapeuta faz com que a pessoa, que já foi mordida por cachorro, comece a lembrar que nunca foi mordida por cachorro.

Embora isso possa ser feito, não é correto. Afinal, fará a pessoa apagar algo que viveu. Por isso, o certo é dar um novo significado à memória e nunca alterá-la! 

A hipnose também pode ser usada para recuperar as memórias. Veja como isso acontece