Muitas vezes, uma crença vinda de algo que a pessoa viveu ou aprendeu na infância pode afetar o resto da vida e prejudicar a progressão. O mesmo acontece, por exemplo, quando a pessoa vê a realidade de uma maneira que a impede de buscar os seus objetivos. Nesses e em outros casos a técnica de reframing pode ser usada.
Ela ajuda a pessoa a mudar a maneira como vê e compreende algo, dando um novo sentido à situação. Veja o que é e como funciona o reframing!
O que é reframing?
A palavra reframing vem do inglês e pode ser traduzida como “recontextualizar”. Trata-se de uma técnica que originou-se no trabalho de Virginia Satir e Milton H. Erickson. Ela também era comumente usada na terapia familiar sistêmica. Resumidamente, é possível definir que reframing é uma técnica usada para mudar o sentido ou significado de determinado contexto (frame).
Esse frame é qualquer coisa que limite a maneira como a pessoa enxerga algo que acontece ou o mundo como um todo. Quando isso acontece, a técnica de reframing é aplicada para ajudar a pessoa a interpretar o que antes era negativo ou limitante de uma nova maneira.
Isso é importante porque o que as pessoas acreditam, direta ou indiretamente, influenciam em suas decisões. Quando isso acontece de maneira negativa acaba prejudicando o dia a dia, mesmo que a pessoa não perceba. Afinal, é fato que os indivíduos fazem escolhas inconscientes em seu dia a dia. E essas escolhas são baseadas nessas crenças e visões do mundo.
Vamos supor, por exemplo, que o indivíduo tenha crescido com alguém dizendo que ele nunca iria conseguir terminar um curso universitário. Se a pessoa acredita nisso, mesmo que sem perceber ela começa a se auto-sabotar.
Por acreditar que não vai conseguir, não se inscreve em um vestibular e se contenta por ter terminado alguns anos de estudo na escola. Isso faz com que as crenças dele a impeçam de buscar o crescimento ou a realização de um sonho. A técnica de reframing ajuda essa pessoa a mudar a maneira como enxerga os seus potenciais, de forma que possa voltar a buscar o que deseja e acreditar em si mesmo.
Por que passar por ele na terapia é importante?
Muitas vezes, a terapia precisa ajudar a pessoa a buscar mudanças interiores, de modo que se sinta melhor. O reframing pode ajudar o indivíduo e experimentar conceitos, ideias, emoções e eventos diferentes.
Assim, na Terapia Cognitiva, a técnica é usada com frequência. Primeiramente, o profissional ajuda a pessoa a identificar as experiências, situações ou crenças que são benéficas a ela. Depois disso, com o reframing ou técnica da reestruturação cognitiva a orienta para que ela conquiste essa mudança.
As 4 etapas do reframing segundo Benammar
A técnica de reframing foi descrita pelo filósofo alemão Karim Benammar. Ele lançou um guia chamado Reframing: The Art of Thinking Different, no ano de 2021, falando sobre as aplicabilidades dessa técnica. De maneira resumida, conheça os passos descritos por Benammar.
- Encontre a principal crença: seja ela pessoal ou coletiva deve ser encontrada, deve ser definida;
- Determine as crenças de apoio: o segundo passo é encontrar o motivo da pessoa pensar dessa maneira;
- Construa opostos: identificando as crenças de apoio que devem ser trabalhadas, é a hora de buscar a mudança. Ao encontrar os opostos dessas crenças de apoio a pessoa consegue transformar os seus pensamentos;
- Determine uma crença central reformulada: levando em consideração a mudança da crença de apoio, pense como seria se todas as crenças atuais fossem opostas. Assim, encontrará a crença central reformulada.
Tripé da terapia: as outras duas bases
O tripé da terapia é o nome dado aos três passos que podem ser dados durante o tratamento:
- dessensibilização;
- reframe;
- psicoeducação.
A dessensibilização é a primeira delas e antecede a realização do reframing, enquanto a psicoeducação ajuda a reforçar a nova maneira de pensar. Veja, abaixo, o que são esses outros dois passos do tripé da terapia.
Dessensibilização
Essa é uma técnica desenvolvida por Wolpe em 1958, que consiste em expor a pessoa à origem do problema gradativamente. Assim, aos poucos, ela vai tendo a reação negativa de baixa intensidade, ao mesmo tempo que é realizado o contracondicionamento do relaxamento. Por isso, é comumente usada para o tratamento de fobias.
Psicoeducação
E o último passo do tripé da terapia é a psicoeducação. Ela visa potencializar o que foi melhorado e mudado durante a terapia. Dessa forma, ajuda a pessoa a desenvolver e fixar novas ideias e pensamentos.
Assim, tanto o reframing, quanto a psicoeducação são comumente usados para ajudar a pessoa a superar possíveis traumas. Veja como funciona.