Vítimas de estupro carregam um trauma por toda a vida. Isso pode prejudicar a interação social de um indivíduo e até mesmo o desenvolvimento profissional. Sem contar que essas pessoas podem ser acometidas com quadro de depressão, pânico e fobias.
Nesse sentido, é importante que essas vítimas possam ter ajuda para superar o trauma. Uma das maneiras de fazer isso é por meio da hipnose no tratamento de vítimas de estupro. Com ela, é possível retornar ao momento em que a agressão foi sofrida e mudar o sentimento negativo que ela gerou. Dessa forma, é possível fazer com que o estupro deixe de desencadear sensações traumáticas, para tornar-se apenas uma lembrança.
Saiba mais sobre os casos de estupro no Brasil e como a hipnose pode ajudar a vítima a superar o trauma vivido. Continue a leitura!
Estupro no Brasil
A violência sexual ainda faz inúmeras vítimas no Brasil. Só em 2018, foram registrados 180 casos de estupro por dia, além de 720 casos diários de agressões domésticas.
A maioria das vítimas é composta de crianças e adolescentes. Dos casos registrados, 63% foram configurados como estupro de vulnerável, ou seja, praticados em menores de 14 anos.
Nesse contexto, há uma agravante que pode tornar o momento ainda mais traumático: a cultura do estupro.
Cultura do estupro
O termo, que teve origem nos Estados Unidos, descreve o fato de a violência sexual, muitas vezes, ser tida como “normal”.
A mulher é vista como “coisa” e, muitas vezes, chega a ser culpada pelas pessoas por ter sido vítima de estupro. Frases como “olhe a roupa que ela estava usando” ou perguntas do tipo “isso é hora de uma mulher estar sozinha na rua?” são frequentemente ouvidas.
É comum as pessoas dizerem que a mulher “provocou” o estupro pela maneira como senta, se veste ou age. Dessa forma, o estupro é socialmente normalizado e, muitas vezes, a vítima é culpada pela sociedade pela agressão sofrida.
Isso acaba confundindo a própria vítima. Muitas vezes, quando sofre a violência sexual de um estranho, ela identifica que há algo errado. Contudo, quando o agressor é alguém conhecido, a vítima pode reagir com negação.
A cultura de estupro é tão enraizada que a pessoa acaba não tendo certeza se foi ou não vítima de estupro. Além do trauma vivido, muitas vezes, a vítima se culpa da situação. Ela se pune pela forma como reagiu ao abuso sofrido.
Segundo dados do Ipea, 24,1% dos agressores das crianças são os pais ou padrastos. Além disso, 32,2% são amigos ou conhecidos da vítima. Isso faz com que, muitas vezes, a criança cresça e se torne um adulto que não consegue identificar que foi vítima de estupro na infância. Por mais que racionalmente a pessoa entenda que algo foi errado, emocionalmente, devido à cultura do estupro, ela se culpa por não ter feito algo para evitar. Contudo, o trauma vivido fica guardado no subconsciente e afeta a pessoa por toda a vida.
Como a hipnose pode ajudar vítimas de estupro
Mesmo que a pessoa acredite que não foi vítima de estupro ou até se culpe pela ocorrência, o trauma geralmente fica instalado. Com sessões de hipnose é possível ajudar a pessoa a compreender o que aconteceu e a entender que não é a culpada.
Claro que ela não vai se esquecer do abuso sofrido. Contudo, vai trabalhar as emoções causadas pelo trauma e direcionar a mente para algo mais positivo.
O hipnoterapeuta pode realizar a regressão de idade, para que a vítima volte ao momento do trauma. Quando isso é feito, é feita a ressignificação da experiência e colocado algo neutro no lugar dos sentimentos negativos. Assim, a pessoa não esquece o que viveu, mas para de ter a sensações traumáticas resultantes do estupro.
Essa técnica já foi inclusive usada em uma novela da TV Globo. Nela, a personagem Laura foi hipnotizada para se lembrar do abusador.
Com a hipnose, é possível trabalhar algumas consequências do trauma vivido como:
- baixa autoestima;
- insônia recorrente;
- problemas com a autoconfiança;
- culpas e demais sentimentos que atrapalhem a vida.
Muitas vezes, a hipnose realizada em vítimas de violência também é usada para a investigação criminal. Saiba mais sobre isso!