Embora existam diversas técnicas que podem ser usadas na hipnoterapia, há três grandes caminhos a serem seguidos: dessensibilização, reframe e psicoeducação. A esses três passos ou alternativas é dado o nome de tripé da terapia ou tripé terapêutico.
Assim, ao compreender o tripé da terapia, o profissional acaba adquirindo um melhor entendimento do que escolher na hora do atendimento. Ou, se for o caso, optar pela junção de mais de uma, a depender do paciente.
Dessa forma, os procedimentos devem ser aplicados de acordo com o caso do cliente e da avaliação profissional. Nesse sentido, o tripé da terapia ajuda a orientar o trabalho a ser seguido. Conheça os três passos e veja como cada um funciona na terapia.
Tripé da terapia: conheça as 3 bases
Dessensibilização
A técnica de dessensibilização expõe o cliente ao problema e foi desenvolvida originariamente por Wolpe em 1958. Ela é usada para amenizar o sofrimento individual ao apresentar a pessoa a um reflexo condicionado. Para isso, o indivíduo é exposto à origem do problema de forma gradativa.
A ideia é que, pouco a pouco, ele tenha respostas negativas de menor intensidade, até que a extinção do sentimento ruim que aquilo traz ocorra. Por isso, é comumente usada para tratar fobias e envolve, basicamente, três etapas:
- treinamento e orientação para que o cliente chegue ao relaxamento físico;
- determinação de uma hierarquia de ansiedade, levando em conta a relação ao estímulo;
- contracondicionamento do relaxamento.
Para que a dessensibilização, que faz parte do tripé da terapia, possa ser usada, é preciso determinar uma escala, que seja crescente, de exposição ao estímulo. E isso deve ser determinado de acordo com a condição apresentada pelo cliente.
Reframing
A técnica de reframing é comumente usada na terapia familiar sistêmica, de onde teve origem. Se a palavra for traduzida para o português ela significa recontextualizar ou reenquadrar. Na prática, é exatamente isso que essa técnica, que é considerada segunda no tripé da terapia, consiste.
O reframing busca dar um novo sentido a uma situação vivida ou a um trauma. Também pode ser usado para transformar uma crença limitante em algo positivo, por exemplo. É como se o conceito que o cérebro tivesse guardado sobre determinado tema fosse “eliminado” e o lugar dele passasse a ser ocupado por novas interpretações.
A ideia não é apagar uma história, mas sim transformar as sensações ligadas a ela em algo positivo ou, pelo menos, menos angustiante.
Psicoeducação
Por fim, o último ponto a ser destacado no tripé da terapia é a psicoeducação. Ela faz parte da abordagem terapêutica da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC). Ela visa potencializar a terapia.
Em suma, a psicoeducação auxilia o indivíduo a desenvolver novas ideias e pensamentos tanto sobre si mesmo, quanto sobre o que acontece ao seu redor. Dessa forma, o indivíduo consegue conquistar mudanças de comportamento que sejam almejadas. Assim, a pessoa aprende a direcionar os próprios pensamentos e se tornar dona da sua história. Dessa forma, a psicoeducação envolve:
- quebra de mitos;
- informações;
- acolhimento;
- desenvolvimento de habilidades.
Além disso, a psicoeducação pode ser usada tanto no tratamento individual, quanto em grupo. É o caso, por exemplo, de quando a hipnoterapia é usada para o tratamento de casal ou familiar. Assim, a psicoeducação também é comumente usada para ajudar a pessoa e a família a compreenderem situações como, por exemplo, as de:
- compreender a necessidade de mudança de estilo de vida visando adquirir hábitos saudáveis;
- entendimento e aceitação de diagnósticos e tratamentos de eventuais doenças graves;
- ajudar a enfrentar possíveis preconceitos.
Dentre os benefícios oferecidos pela prática da psicoeducação é possível citar:
- conquistar melhor qualidade de vida;
- melhorar a adesão ao tratamento farmacológico sugerido pelo médico;
- auxiliar na adoção de hábitos saudáveis;
- ajudar a pessoa a se livrar de vícios;
- ensinar a identificar e evitar possíveis recaídas a vícios.
Todo esse processo deve ser adequado à família ou diretamente ao paciente. Entretanto, a criatividade costuma fazer parte da psicoterapia, que pode envolver, inclusive, atividades lúdicas.
E como o tripé da terapia se completa? Vamos supor que seja um tratamento de uma fobia. Se a pessoa não for dessensibilizada, o reframe não funciona. A psicopedagogia entra para fortalecer os novos aprendizados.
Claro que, dependendo do caso, elas podem ser aplicadas separadamente. Caberá ao hipnoterapeuta identificar as necessidades do paciente e determinar o melhor caminho a ser seguido.
Algumas dessas práticas podem ser usadas também na chamada psicologia de comportamento. Veja do que se trata.