Como identificar o que o paciente tem, de forma que possa indicar o melhor tratamento? A resposta para isso pode ser muitas, e uma delas é a escuta terapêutica. Embora o termo, como o nome sugere, esteja comumente ligado a tratamentos realizados por psicólogos e hipnoterapeutas, a escuta terapêutica pode ser usada em diferentes áreas da saúde.
Afinal, todo profissional que atua na área precisa estar pronto para saber ouvir as dores do paciente, de forma que possa ajudá-lo. Para o médico, a arte de escutar é essencial para uma anamnese bem-feita. Já um enfermeiro, quando escuta o doente, consegue proporcionar ajustes em sua rotina, que oferecem mais conforto.
A chamada escuta terapêutica pode colaborar em todas essas áreas. Veja o que é e descubra a sua importância.
O que é uma escuta terapêutica?
A escuta é parte fundamental para compreender as necessidades e dores do outro. Quando ela ocorre no processo terapêutico, é comumente chamada de escuta terapêutica. Entretanto, também pode receber o nome de:
- escuta integral ou atenta;
- escuta ativa;
- ouvir reflexivamente;
- escuta compreensiva;
- escutar ativamente.
Seja qual for o nome dado, a escuta terapêutica é um método usado para incentivar um diálogo mais aberto e promover o acolhimento. Isso resulta em uma melhor compreensão das queixas do paciente, bem como das preocupações que ele tem.
O ouvinte deve estar pronto para se interessar pelo que é dito e ouvir tudo com respeito. Além disso, quem escuta precisa estar pronto para identificar os aspectos verbais e não-verbais da comunicação.
A escuta terapêutica é usada por diferentes escolas da psicologia. Quando bem aplicada, ajuda a diminuir o sofrimento, a angústia e induz o indivíduo à autorreflexão. Por fim, além da escuta ter o papel de reconhecer o sofrimento do paciente, ela também é um instrumento para que o profissional obtenha informações.
Escuta terapêutica x psicoterapia
A escuta terapêutica consiste em um diálogo aberto e honesto, que visa ajudar o indivíduo a conquistar mudanças. Ao mesmo tempo, é uma ferramenta que o profissional pode usar para obter informações. Em suma, ela consiste na realização das seguintes etapas:
- identificação do problema;
- análise e ampliação da compreensão do problema;
- avaliação do que pode ser desenvolvido pela pessoa para que a resolução do problema seja alcançada;
- execução de ações que ajudem no processo de mudança;
- orientação sobre opções terapêuticas.
Por outro lado, a psicoterapia busca resolver questões de comportamento emocionais. Mas, para isso, depende do trabalho em conjunto de paciente e profissional. Enquanto a escuta terapêutica quer ajudar o cliente a decidir alguma coisa, a psicoterapia foca em conflitos de personalidade. Em suma, a psicoterapia é mais profunda e demanda um tempo de tratamento maior.
Por que a escuta terapêutica faz bem para o cérebro?
Primeiramente, só o fato do paciente poder falar e se sentir ouvido, por alguém livre de qualquer preconceito ou julgamento, ele já passa a encarar a sua situação de outra maneira. Isso ajuda o cérebro a processar as informações. Entretanto, não é apenas isso.
Segundo uma pesquisa, cujo resultado foi divulgado na Nature em 2015, mostrou que a psicoterapia influencia nas amígdalas e também na massa cinzenta do cérebro.
Para chegar a essa conclusão, o estudo considerou que pessoas com transtornos de ansiedade têm reatividade neural excessiva na amígdala. Na sequência, avaliou 26 participantes com transtorno de ansiedade social. E, para comparar, teve um outro grupo, de 26 pessoas, que não recebeu nenhum tratamento.
As pessoas tratadas com psicoterapia foram acompanhadas por exames de imagens de ressonância magnética. Foi observado que as pessoas que receberam tratamento tiveram uma diminuição no volume da amígdala e aumento do volume de substância cinzenta.
Como a amígdala é uma região envolvida com as emoções e a substância cinzenta atua na regulação no sistema nervoso central, essas mudanças são positivas para o equilíbrio e beneficiam o cérebro.
Veja como funciona a Terapia Cognitivo-Comportamental e a sua associação com a hipnose.