Terapias contextuais: como o contexto ajuda a entender o comportamento

As terapias contextuais podem ser chamadas também de terapias cognitivo-comportamentais de terceira geração. Elas têm um enfoque em um contexto para tentar entender um comportamento. Para elas, contexto é qualquer situação que esteja acontecendo no mundo externo ou interno do indivíduo

Na psicoterapia, há vários tipos de de abordagens que se enquadram nas terapias contextuais. Dentre elas, destacamos três:

  1. Terapia Comportamental Dialética (TCD).
  2. Terapia Analítico Funcional;
  3. Terapia de Aceitação e Compromisso. 

Conheça um pouco sobre elas e veja como podem ser usadas para alterar um comportamento e melhorar a saúde mental. Continue a leitura!

O que são Terapias Contextuais?

Nesse tipo de abordagem terapêutica, que também pode ser usada na hipnose, a intenção é ajudar o cliente a construir uma vida nova. Dessa forma, levá-lo à direção dos seus valores pessoais. Assim, a ideia não é resolver um problema específico, mas sim abordar o contexto como um todo para dar um novo direcionamento a sua vida pessoal.

Nesse sentido, é preciso avaliar o comportamento para ver o que está em déficit ou excesso. Dessa maneira, será possível tratar tudo junto, e não apenas um comportamento isolado. Assim, a ideia é fazer o cliente ser mais regrado em relação ao seu histórico de vida e focado no que é importante para ele de verdade. 

Dessa maneira, o terapeuta pode ajudar o indivíduo a construir uma vida menos focada na sua própria experiência. A ideia é desativar os pensamentos referentes ao passado e passar a ter no controle o que é importante para o cliente agora. Além disso, ajudar o paciente a experimentar a realidade e perceber o que é importante para ele hoje. 

Em suma, o objetivo é resolver o problema do cliente. Porém, também ajudá-lo a perceber que é possível resolver não apenas o problema que ele apresentou, mas a vida como um todo. Assim, ele poderá sair preparado para enfrentar as adversidades cotidianas.

3 principais tipos de abordagens

Terapia Comportamental Dialética (TCD) 

Inicialmente, a TCD era usada para tratar Transtorno de Personalidade Borderline, que é quando a pessoa tem alta susceptibilidade emocional. Dessa forma, um pequeno problema, como o fato de ser fechado no trânsito, ela já se desequilibra emocionalmente. A TCD era aplicada quando as demais terapias não funcionavam para esses clientes. 

Para isso, ela foca em manter o vínculo terapêutico, no sentido de estabelecer uma relação de confiança com os clientes. No momento da realização, a terapia é dividida nos seguintes módulos: 

  • psicoterapia individual;
  • grupo de habilidades;
  • consultoria por telefone
  • reunião de consultoria para os terapeutas;
  • tratamentos auxiliares. 

Atualmente, a TCD é a escolha de terapia para diversos transtornos mentais. Durante o tratamento, ela visa reduzir comportamentos que possam colocar a vida do cliente em risco. Além disso, trabalha a redução de comportamentos que interferem na terapia e na qualidade de vida. Dessa forma, consegue ajudar o cliente a desenvolver habilidades, reduzir estresse pós traumático, entre outros. 

Terapia Analítico Funcional (FAP)

A FAP é mais uma das terapias contextuais mais usadas e também pode ser aplicada no tratamento associado à hipnose. Ela surgiu nos Estados Unidos, no início dos anos 90 e foi desenvolvida por Robert J. Kohlenberg e Mavis Tsai.

Nela, é avaliado o que está acontecendo durante o atendimento do cliente. O terapeuta observa como ele reage quando fala em algo que possa afetar a si mesmo. Dessa forma, o trabalho é todo focado na relação terapeuta-paciente.

De acordo com esse procedimento, a forma como o cliente se coloca na sessão diz muito sobre a maneira como ele age em sua vida pessoal. A partir do momento que o terapeuta identifica essas reações, ele encontra um comportamento clinicamente relevante. Com base nisso, é possível tratar questões que afetam o cliente fora da consulta. 

Para identificar os comportamentos, é preciso que o terapeuta fique atento aos comportamentos e esteja pronto para ligá-los ao problema. Além disso, é indicado fazer intervenções. A ideia é ativar comportamentos ligados à queixa, para que eles aconteçam durante o atendimento. 

Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT)

A Terapia de Aceitação e Compromisso tem como base o uso de mindfulness e aceitação

Jon Kabat-Zinn, um dos pioneiros do estudo de mindfulness, o define como: “Prestar atenção de uma forma particular: intencionalmente, no momento presente de forma não julgadora”. Dessa forma, mindfulness é uma técnica terapêutica baseada em:

  • aceitação do momento presente de forma radical;
  • atenção plena;
  • consciência não julgadora.

Na ACT, entende-se que o desenvolvimento dos transtornos mentais tem como base a tentativa de evitar experiências vividas. Dessa forma, ao tentar evitar pensamentos que não sejam agradáveis ou emoções, a pessoa desenvolve a Inflexibilidade Psicológica.

Dessa forma, o cliente tenta sempre controlar o sofrimento e acaba se esquecendo do que é importante para ele. Naturalmente, o indivíduo se desencoraja a lutar por comportamentos relevantes aos seus valores pessoais.

A ACT, assim como acontece nas outras terapias contextuais, interfere no comportamento do cliente como um todo. A intenção é ajudá-lo a identificar as experiências indesejadas para afastá-las. Contudo, ao mesmo tempo, aproximar o que é valioso.

Dentre as terapias também existe a EFT. Conheça mais sobre ela e descubra como aplicar essa técnica na terapia e no autocuidado.

Este artigo é baseado em uma aula ministrada ao vivo pelo psicólogo e terapeuta Júlio Lisbôa do site Eurekka para os alunos dos cursos online do professor Alberto Dell’isola.